“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” (Albert Einstein)
Primeiramente aprendi que o mais difícil é construir; e o mais fácil é destruir. Essa imensidão de perspectivas que podem surgir a partir de uma realidade discutível, estabelece para os grandes empreendedores a verdade que todo grande homem deve estar pronto para construir e para destruir.
Se voçê caminhar pelas ruínas de alguns castelos na Espanha, pelas belas e reais referências históricas, não é o objeto que representa toda uma grandiosidade; mas aquilo que somos capazes de imaginar; de construir através e nossas observações. Nada vale as ruínas de uma igreja, mas tudo que ela foi capaz e construir ao longo de sua existência.
Dizem que mais da metade da humanidade sofre; e a outra metade disfarça este sofrimento. Testemunhamos através das histórias e relatos que desde o princípio da humanidade o resultado final é interminável subir e descer de indivíduos em constante regime de engano e de furto; construímos e destruímos a todo momento. Descendemos de gerações que construíram e destruíram. Alguns se sentem culpados e outros se justificam ao dizer que só se vive uma vez, devendo, por conseguinte, aproveitar as oportunidades – a própria Amazônia está sendo vítima desse oportunismo. Dessa maneira se compensam as reações tão diversas deste paralelo entre a culpa e a razão: quem tem culpa e quem tem razão? Quem constrói e quem destrói? Duas extremidades politicamente postas por nós face a face: coletivismo e individualismo.
A mágica para construir se resuma em não destruir; ou destruir com a idéia de construir; mas não seria isso uma contradição? É complicado porque se quisermos, encontraremos justificativa para todas as ações; explicações coerentes e convincentes tanto para o bem quanto para o mal. O homem descobre a facilidade para se convencer que o certo é apenas o que se pensa. Albert Einstein disse: “Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada."
Quando morreu a esposa de Chuang Tsu, Hui Tzu foi apresentar-lhe condolências. Ele encontrou o viúvo sentado no chão, cantando, com as pernas esparramadas em angulo reto e marcando compasso numa tigela.
"Viver com a esposa", exclamou Hui Rzu, "e ver o filho mais velho tornar-se adulto, e depois não verter uma lágrima sobre o cadáver dela - isto seria muito ruim. Mas tamborilar numa tigela, e cantar, certamente, isso é o cúmulo.
"De maneira alguma" respondeu Chuang Tsu. "Quando ela morreu, não pude deixar de ser afetado pela sua morte. Logo, porém, lembrei que ela já tinha existido num estado anterior, antes do seu nascimento sem forma ou mesmo substância; que, embora naquela condição incondicionada, foi acrescentada uma substancia ao espírito; que essa substância então assumiu forma; e que o próximo estágio foi o nascimento; e agora, em virtude de uma mudança adicional, ela está morta, passando de uma fase para outra, como a seqüência da primavera, verão, outono e inverno. E, enquanto ela está assim deitada, adormecida na Eternidade, ficar por aí chorando e lamentando seria para mim proclamar-me ignorante dessas leis naturais.
“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” (Albert Einstein)
Primeiramente aprendi que o mais difícil é construir; e o mais fácil é destruir. Essa imensidão de perspectivas que podem surgir a partir de uma realidade discutível, estabelece para os grandes empreendedores a verdade que todo grande homem deve estar pronto para construir e para destruir.
Caminhando pelas ruínas de alguns castelos na Espanha, pelas belas e reais referências históricas, vejo que não é o objeto que representa toda uma grandiosidade; mas aquilo que somos capazes de imaginar; de construir através e nossas observações. Nada vale as ruínas de uma igreja, mas tudo que ela foi capaz e construir ao longo de sua existência.
Dizem que mais da metade da humanidade sofre; e a outra metade disfarça este sofrimento. Testemunhamos através das histórias e relatos que desde o princípio da humanidade o resultado final é interminável subir e descer de indivíduos em constante regime de engano e de furto; construímos e destruímos a todo momento. Descendemos de gerações que construíram e destruíram. Alguns se sentem culpados e outros se justificam ao dizer que só se vive uma vez, devendo, por conseguinte, aproveitar as oportunidades – a própria Amazônia está sendo vítima desse oportunismo. Dessa maneira se compensam as reações tão diversas deste paralelo entre a culpa e a razão: quem tem culpa e quem tem razão? Quem constrói e quem destrói? Duas extremidades politicamente postas por nós face a face: coletivismo e individualismo.
A mágica para construir se resume em não destruir; ou destruir com a idéia de construir; mas não seria isso uma contradição? É complicado porque se quisermos, encontraremos justificativa para todas as ações; explicações coerentes e convincentes tanto para o bem quanto para o mal. O homem descobre a facilidade para se convencer que o certo é apenas o que se pensa. Albert Einstein disse: “Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada."
O poder que esta sociedade tem
para destruir atingiu uma escala sem precedentes na história
da humanidade - e este poder está a ser usado, quase sistematicamente,
para causar uma destruição insensata em todo o mundo da
vida natural e nas suas bases materiais.
Em quase todas as regiões,
o ar está a ser viciado, as águas poluídas, o solo
está a ser levado pela água, a terra foi drenada e a vida
natural destruída. As áreas costeiras e mesmo as profundezas
do mar não são imunes ao alastramento da poluição.
Com maior significância no fim de contas, os ciclos biológicos
básicos, tais como o ciclo do carbono e do nitrogênio,
dos quais todas as coisas vivas (incluindo os humanos) dependem para
a manutenção e renovação da vida, estão
a ser alterados até um ponto irreversível.
A introdução arbitrária
dos desperdícios radioativos, pesticidas de longa atividade,
resíduos de chumbo e milhares de produtos químicos tóxicos
ou potencialmente tóxicos na comida, água e ar; a expansão
das cidades em vastas cinturas urbanas com concentrações
densas de populações comparáveis em tamanho a nações
inteiras; o aumento de ruído ambiente; as pressões criadas
pela congestão, pela aglomeração e manipulação
das massas; as imensas acumulações de lixo, refugo, dejetos
e desperdícios industriais; o congestionamento do trânsito
nas auto-estradas e nas ruas citadinas; a destruição pródiga
de preciosos metais em bruto; a cicatrização da terra
feita pelos especuladores da propriedade, os barões das indústrias
mineira e da madeira, os burocratas da construção de auto-estradas.
Todos eles fizeram tais estragos numa simples geração,
que excede os que foram feitos em milhares de anos pela habitação
humana no seu planeta. Se tivermos em mente este ritmo de destruição,
é aterrador refletir acerca do que acontecerá no futuro,
à geração vindoura.
A essência da crise ecológica
do nosso tempo é que esta sociedade - mais do que qualquer outra
no passado - está a desfazer literalmente o trabalho da evolução
orgânica. É um axioma dizer que a humanidade faz parte
do edifício da vida. É talvez mais importante, nesta fase
tardia, sublinhar que a humanidade depende perigosamente da complexidade
e variedade da vida, e que o bem-estar e a sobrevivência humanas
assentam sobre uma longa evolução de organismos em formas
crescentemente complexas e interdependentes. O desenvolvimento da vida
num tecido complexo, a criação dos animais e plantas primordiais
em formas altamente variadas, tem sido a condiçãso prévia
para a evolução e sobrevivência da própria
humanidade e para uma relação harmônica entre a
humanidade e a natureza.
Tecnologia
e População
Uma vez que a geração
passada tem testemunhado a expoliação do planeta, que
ultrapassa todos os estragos feitos pelas gerações primitivas,
pouco mais do que uma geração poderá restar antes
que a destruição do meio ambiente se torne irreversível.
Por esta razão, devemos debruçar-nos sobre as origens
da crise ecológica com honestidade implacável. O tempo
corre precipitadamente e as décadas que restam do século
XX podem bem ser a última oportunidade que teremos para restaurar
o equilíbrio entre a humanidade e a natureza.
Assentarão as origens
da crise ecológica no desenvolvimento da tecnologia? A tecnologia
tem-se tornado um alvo fácil para aqueles que querem evitar encarar
as condições sociais profundamente marcadas por máquinas
e processos técnicos perigosos.
É tão conveniente
esquecer que a tecnologia tem servido não só para subverter
o meio ambiente como também para o melhorar. A Revolução
Neolítica, a qual produziu o período mais harmonioso entre
a natureza e a humanidade pós-paleolítica, foi acima de
tudo uma revolução tecnológica. Foi este período
que trouxe à humanidade as artes da agricultura, tecelagem, cerâmica,
da domesticação dos animais, a descoberta da roda e muitos
outros melhoramentos básicos. É verdade que existem técnicas
e atitudes tecnológicas que são inteiramente destruidoras
do equilíbrio entre a humanidade e a natureza. É responsabilidade
nossa separar a promessa da tecnologia - o potencial criativo - da capacidade
da tecnologia para destruir. Na verdade, não existe tal palavra
como "tecnologia" que presida a todas as condições
e relações sociais. Existem sim, diferentes tecnologias
e atitudes para com a tecnologia, algumas das quais são indispensáveis
para restaurar o equilíbrio, e outras que têm contribuido
profundamente para a sua destruição. Do que a humanidade
necessita não é rejeitar em grande escala as tecnologias
avançadas, mas sim peneira-las, necessita realmente de um maior
desenvolvimento da tecnologia a par com os princípios ecológicos,
o que contribuirá para uma nova harmonização da
sociedade e do mundo natural.
Será o crescimento da
população, a origem da crise ecológica? Esta tese
é a mais inquietante, e de muitas maneiras a mais sinistra, a
ser formulada pelos movimentos ecológicos ativos nos E.U.A. Neste
sentido, um efeito chamado "crescimento populacional" embaralhado
na base de estatísticas e projeções superficiais,
transforma-se numa causa. É dada assim supremacia a um problema
de proporções secundárias no momento presente,
obscurecendo as razões fundamentais da crise ecológica.
De fato, se as atuais condições econômicas, políticas
e sociais prevalecerem, a humanidade irá com o tempo superpovoar
o planeta, e pelo puro peso dos números transformar-se-á
num flagelo no seu próprio habitat global. Há qualquer
coisa de obsceno, contudo, acerca do fato de que a um efeito "crescimento
populacional", é concedida supremacia na crise ecológica
por uma nação que tem pouco mais do que 7% da população
mundial mas que consome prodigamente mais de 50% dos recursos mundiais,
e que está atualmente ocupada no despovoamento de um povo do
Oriente, que tem vivido à séculos em equilíbrio
apurado com o seu meio ambiente.
Devemos fazer uma pausa para
examinar o problema populacional tão amplamente observado pelas
raças brancas da América do Norte e da Europa - raças
que têm explorado arbitrariamente os povos da Ásia, África,
América Latina e do Pacífico Sul. Os explorados têm
exposto delicadamente aos seus exploradores que, do que eles necessitam
não são dispositivos anticoncepcionais, nem "libertadores"
armados, nem do Prof. R. Ehrlich para resolverem os seus problemas populacionais;
precisam antes, de uma devolução justa dos imensos recursos
que foram roubados das suas terras, pela América do Norte e pela
Europa. Equilibrar estas contas é mais premente no momento, do
que equilibrar as taxas de nascimentos e mortes. Os povos da Ásia,
África, América Latina e do Pacífico Sul podem
justamente apontar que os seus "conselheiros" Americanos têm
mostrado ao mundo como expoliar um continente virgem em menos de um
século e têm acrescentado ao vocabulário da humanidade
palavras como "esgotamento precoce".
Isto é claro: quando grandes
reservas de mão-de-obra foram necessárias durante a Revolução
Industrial dos princípios do século XIX para equipar as
fábricas e diminuir os salários, o crescimento populacional
foi saudado entusiasticamente pela nova burguesia industrial. E o crescimento
populacional ocorreu apesar do fato que, devido ao pesado horário
de trabalho e às cidades altamente superpovoadas, a tuberculose,
cólera e outras doenças eram epidemicas na Europa e nos
Estados Unidos. Se as taxas de nascimento excederam as da morte nessa
altura, não foi porque os progressos feitos ao nível de
cuidados médicos e sanitários tenham produzido qualquer
declínio dramático na mortalidade humana; antes, o excesso
de nascimentos em relação às mortes pode ser explicado
pela destruição das formas da família pré-industrial,
instituições de vila, ajuda mútua e padrões
de vida estáveis e tradicionais, às mãos da "empresa"
capitalista. O declínio da moral social introduzido pelos horrores
do sistema fabril, o aviltamento das populações agrárias
tradicionais transformadas em proletários e moradores urbanos,
brutalmente explorados, produziu uma atitude concomitantemente responsável
para com a família e a procriação. A sexualidade
tornou-se um refúgio de uma vida de trabalho duro, bem como o
consumo do gin barato; o novo proletariado gerou crianças (muitas
das quais nunca sobreviveram até a idade adulta), tão
inconscientemente como foi levado ao alcoolismo. É muito semelhante
o caso ocorrido quando as vilas Africanas, Asiáticas e Latino-Americanas
foram sacrificadas ao santo altar do imperialismo.
Hoje a burguesia "vê"
as coisas de uma forma diferente. Os anos dourados da "livre empresa"
e do "trabalho livre" declinam perante uma era de monopólio,
cartéis, economias controladas pelo estado, formas institucionalizadas
de mobilização operária (sindicatos), e de máquinas
automáticas ou cibernéticas. Largas reservas de mão-de-obra
desempregada não são já necessárias para
ir ao encontro das necessidades de expansão do capital, e os
salários são em grande parte mais negociados do que deixados
à livre atuação do mercado de trabalho. Anteriormente
necessárias, as reservas de mão-de-obra inútil
acabaram por tornar-se numa ameaça à estabilidade de uma
economia burguesa manipulada. A lógica desta nova "perspectiva"
encontrou a sua mais aterradora expressão no fascismo alemão.
Para os nazis, a Europa estava já "superpovoada" nos
anos trinta e o "problema populacional" foi "resolvido"
nas câmaras de gás de Auschwitz. A mesma lógica
está implícita em muitos dos argumentos neo-Malthusianos
que se mascaram hoje como ecologia. Que não haja dúvida
quanto a esta conclusão.
Mais tarde ou mais cedo a proliferação
descuidada de seres humanos terá de ser detida, mas, ou o controle
populacional terá de ser feito por meio de "controles sociais"
(métodos autoritários ou racistas e, no fim, ser um genocídio
sistemático), ou por uma sociedade libertária, ecologicamente
orientada (uma sociedade que desenvolva um novo equilíbrio com
a natureza). A sociedade moderna encontra-se perante estas alternativas
mutuamente restritas e deve fazer uma escolha sem dissimulação.
A ação ecológica é fundamentalmente ação
social. Ou vamos diretamente às origens sociais da atual crise
ecológica, ou seremos logrados por uma era de totalitarismo.
Ecologia
e Sociedade
A concepção básica
de que a humanidade deve dominar e explorar a natureza, provém
da dominação e exploração do homem pelo
homem. Na verdade, esta concepção vem de tempos remotos
em que o homem começou a dominar e explorar as mulheres dentro
da família patriarcal. Desde essa altura os seres humanos foram
olhados, cada vez mais, como meros recursos, como objetos em vez de
sujeitos. As hierarquias, classes, sistemas de propriedade e instituições
políticas que emergiram com o domínio social foram transferidas
conceitualmente para a relação entre a humanidade e a
natureza. Esta, também foi cada vez mais olhada como mero recurso,
um objeto, uma matéria bruta a ser explorada tão implacavelmente
como escravos num latifúndio. Esta "visão do mundo"
impregnou não só a cultura oficial da sociedade hierárquica;
tornou-se na maneira como os escravos, servos, trabalhadores da indústria
e as mulheres de todas as classes sociais se começaram a considerar
a eles mesmos. Contida na "ética do trabalho", na moralidade
baseada na recusa e na renúncia, num modo de comportamento baseado
na sublimação dos desejos eróticos e noutros aspectos
mundanos (sejam eles Europeus ou Asiáticos), os escravos, servos,
trabalhadores e metade das mulheres da humanidade foram ensinadas a
vigiarem-se a si próprios, a talharem as suas próprias
cadeias, a fechar as portas das suas prisões.
Se a "visão do mundo"
da sociedade hierárquica começa hoje a declinar é
especialmente porque a enorme produtividade da moderna tecnologia abriu
uma nova visão: a possibilidade de abundância material,
um fim à escassez de uma era de tempos livres (o chamado "lazer")
com um mínimo de trabalho duro. A nossa sociedade está
a ser impregnada por uma tensão entre "o que é"
e "o que poderia ser", uma tensão exacerbada pela exploração
e destruição irracional e desumana da terra e dos seus
habitantes. O maior obstáculo que dificulta a solução
desta tensão é a extensão até à qual
a sociedade hierárquica ainda modela os novos pontos de vista
e as nossas ações. É mais fácil refugiarmo-nos
nas críticas à tecnologia e ao crescimento populacional;
tratar com um sistema social arcaico, destrutivo sobre as suas próprias
condições e dentro da sua própria estrutura. Quase
desde o berço temos sido socializados pela família, instituições
religiosas, escolas e pelo próprio trabalho, aceitando a hierarquia,
renúncia e sistemas políticos, como premissas sobre as
quais todo o pensamento deve apoiar-se. Sem esclarecer essas premissas,
todas as discussões, sobre o equilíbrio ecológico
permanecerão meros paliativos e serão contraproducentes.
Em virtude da sua excepcional
bagagem cultural, a sociedade moderna - sociedade burguesa orientada
para os lucros - tende a exacerbar o conflito entre a humanidade e a
natureza, de uma forma mais crítica do que as sociedades pré-industriais
do passado. Na sociedade burguesa, os humanos não só se
transformam em objetos mas também em mercadorias; em objetos
claramente destinados a serem vendidos no mercado. A competição
entre os seres humanos, como mercadorias, torna-se um fim em si, em
conjunto com a produção de artigos totalmente inúteis.
A qualidade transformou-se em quantidade, a cultura individual em cultura
de massas, a comunicação pessoal em comunicação
de massas. O meio ambiente natural tornou-se numa fábrica gigantesca
e a cidade num imenso mercado: tudo, desde uma floresta Redwood ao corpo
de uma mulher tem "um preço". É tudo equacionado
em dólares, seja uma catedral consagrada ou a honra individual.
A tecnologia deixa de ser uma extensão da tecnologia. A máquina
não amplia o poder do trabalhador; é o trabalhador que
amplia o poder da máquina e na verdade ele mesmo se torna numa
simples parte da máquina. É assim tão surpreendente
que esta sociedade exploradora, degradante e quantificada oponha a humanidade
a si própria e à natureza, numa escala mais assombrosa
do que qualquer outra no passado?
Sim, necessitamos mudar, mas
mudar tão fundamentalmente e em tão grande escala que
mesmo os conceitos de revolução e liberdade devem ser
ampliados para além de todos os primitivos horizontes. Não
é já suficiente falar das novas técnicas para a
conservação e promoção do ambiente natural;
devemos tratar a terra comunalmente, como uma coletividade humana, sem
aquelas peias da propriedade privada, que têm distorcido a visão
da vida e da natureza da humanidade, desde a rutura da sociedade tribal.
Devemos eliminar não só a hierarquia burguesa mas a hierarquia
como tal; não só a família patriarcal, mas também
todas as formas de domínio familiar e sexual; não só
a classe burguesa e o sistema de propriedade, mas sim todas as classes
sociais e a propriedade. A Humanidade deve tomar posse de si própria,
individual e coletivamente, para que todos os seres humanos obtenham
o controle de suas vidas diárias. As nossas cidades devem ser
descentralizadas em comunidades ou ecocomunidades talhadas, fina e habilidosamente,
para o aproveitamento da capacidade dos ecossistemas nos quais elas
estão localizadas. As nossas tecnologias devem ser readaptadas
e formuladas em ecotecnologias, fina e inteligentemente adaptadas para
usarem as fontes de energia local e os materiais, com um mínimo
ou sem poluição do ambiente. Necessitamos recuperar um
novo sentimento das nossas necessidades - necessidades que fomentem
uma vida saudável e que exprimam as nossas inclinações
individuais, não as "necessidades" ditadas pelos meios
de comunicação. Temos que restaurar a escala humana no
nosso ambiente e nas nossas relações pessoais, substituto
medianeiro das relações pessoais diretas na gestão
da sociedade. Finalmente, todas as formas de domínio - social
ou pessoal - devem ser banidas das nossas concepções,
de nós próprios, dos nossos semelhantes e da natureza.
A administração dos humanos deve ser substituída
pela administração das coisas. A revolução
que pretendemos deve envolver não só as instituições
políticas e as relações econômicas, mas também
a consciência, o estilo de vida, os desejos eróticos e
a nossa interpretação do significado da vida.
O balanço aqui, é
o espírito antiquado e os sistemas de domínio e repressão
que não só opuseram o homem ao homem, mas a humanidade
à natureza. O conflito entre estas é uma extensão
do conflito entre o ser humano. A não ser que o movimento ecológico
envolva o problema do domínio em todos os seus aspectos, ele
não contribuirá em nada para a eliminação
da origem das causas da crise ecológica do nosso tempo. Se o
movimento ecológico se detém em simples reformas de controle
da poluição e conservação, sem tratar radicalmente
da necessidade de ampliação de um conceito de revolução,
ele servirá meramente como uma válvula de segurança
do sistema existente da exploração humana e natural.
Objetivos
Sobre certos aspectos o movimento
ecológico de hoje está a mover uma ação
tardia, contra a destruição desenfreada do ambiente. Noutros
aspectos os seus elementos mais conscientes estão envolvidos
num movimento criativo, pronto a revolucionar totalmente as relações
sociais dos indivíduos para com os outros e da humanidade para
com a natureza.
Embora elas se interpenetrem
intimamente, os dois esforços devem distinguir-se um do outro.
A Ação Ecológica Leste apóia qualquer esforço
para a conservação do ambiente: preservar a água
e o ar puros; limitar o uso dos pesticidas e adubos químicos
nos alimentos; reduzir o trânsito de veículos nas ruas
e auto-estradas; tornar as cidades mais saudáveis fisicamente;
impedir que os desperdícios radioativos penetram no ambiente;
proteger e aumentar as áreas desertas e os territórios
para a vida selvagem; e defender as espécies animais da depredação
humana.
Mas a Ação Ecológica
Leste não se ilude a si própria pensando que estas ações
tardias constituem uma solução para o conflito fundamental
que existe entre a atual ordem social e o mundo natural. Nem tão
pouco que estas ações tardias possam deter o ímpeto
esmagador de destruição existente nesta sociedade.
Esta ordem social joga conosco.
Ela concede reformas a longo prazo, aos poucos e dolorosamente inadequadas,
a fim de desviar os nossos esforços e atenção de
atos destruidores ainda mais vastos. Em certo sentido, é-nos
oferecido um pedaço de terreno da floresta Redwood em troca das
Cascades. Visto numa maior perspectiva, esta tentativa para reduzir
a ecologia a uma relação de permuta não salva nada;
é um modus operandi barato de negociar a maior parte do planeta
por umas quantas ilhas desertas, por parques de bolso num mundo devastado
de betão.
A Ação Ecológica
Leste tem dois objetivos principais: um é incrementar no movimento
revolucionário, o conhecimento de que a consequência mais
urgente e destrutiva da nossa sociedade exploradora e alienante é
a crise ambiental, e que a verdadeira sociedade revolucionária
deve ser construída de acordo com preceitos ecológicos;
o outro objetivo é provocar na mente de milhões de Americanos
que estão preocupados com a destruição do nosso
ambiente, uma tomada de consciência de que os princípios
da ecologia, levados até ao final lógico, exigem mudanças
radicais na nossa sociedade e no nosso modo de olhar o mundo.
A Ação Ecológica
Leste fundamenta-se na revolução do estilo de vida que,
no máximo, pretende uma consciência aumentada de experiência
e de liberdade humanas. Nós pretendemos a libertação
das mulheres, das crianças, dos homossexuais, dos povos negros
e colonizados, dos trabalhadores de todas as profissões, como
parte da crescente luta social contra as tradições e instituições
que têm tão destruidoramente modelado a atitude da humanidade
para com o mundo natural. Nós apoiamos comunidades libertárias
e lutas pela liberdade aonde quer que surjam; apoiamos também
qualquer esforço para promover o auto-desenvolvimento espontâneo
dos jovens; opomo-nos a qualquer esforço para reprimir a sexualidade
humana e negar à humanidade a experiência do erótico
em todas as suas formas. Unimos todos os esforços para fomentar
um artifício feliz, na vida e no trabalho: a promoção
dos ofícios e da qualidade de produção; o planejamento
de novas ecocomunidades e ecotecnologias; o direito à experiência,
numa base diária da beleza do mundo natural, o prazer aberto,
espontâneo e sensual que os humanos podem oferecer uns aos outros,
o respeito crescente pelo mundo da vida.
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