Quantas vezes voçê ja passsou por essas situações em sua vida ?.
Você conhece uma pessoa e logo depois esquece o nome dela? Nunca sabe onde largou as chaves de casa, a carteira, os óculos? Vai ao supermercado e sempre deixa de comprar alguma coisa porque não se lembra? E de vez em quando, bem no meio de uma conversa, para e se pergunta sobre o que é que estava falando mesmo? Você não é o único. Bem-vindo ao mundo moderno. Devem existir uns 6 bilhões de pessoas com o mesmo problema. No meio de tudo o que escolhemos e temos para fazer é difícil se lembrar de alguma coisa. Isso você já sabe. O que você não sabe é que a sua memória tem uma capacidade incrível, muito maior do que jamais imaginou. E a chave para dominá-la não é tentar se lembrar de cada vez mais coisas: é aprender a esquecer.
Mas o que está acontecendo, afinal, com a memória das pessoas? Tudo bem que recebemos cada vez mais estímulos, que acabam gerando uma sobrecarga mental. Mas isso não explica tudo. Afinal, se as informações competem por espaço na nossa cabeça, deveríamos nos lembrar do que é mais importante e esquecer o menos importante, certo? Só que, na prática, geralmente acontece o contrário. Você é capaz de esquecer o seu aniversário de namoro, mas certamente se lembra que "pra dançar créu tem que ter habilidade", ou o refrão de qualquer outra música que tenha grudado na sua cabeça. Por que esquecemos o que queremos lembrar? A resposta acaba de ser descoberta , e vai contra tudo o que sempre se pensou sobre memória. A ciência sempre acreditou que uma memória puxa a outra, ou seja, lembrar-se de uma coisa ajuda a recordar outras. Em muitos casos, isso é verdade (é por isso que, quando você se lembra de uma palavra que aprendeu na aula de inglês, por exemplo, logo em seguida outras palavras vêm à cabeça). Mas um estudo revolucionário, que foi publicado por cientistas ingleses e está causando polêmica entre os especialistas, descobriu o oposto. Quando você se lembra de algo, isso pode gerar uma consequência negativa - enfraquecer as outras memórias armazenadas no cérebro. "O enfraquecimento acontece porque se lembrar de uma coisa é como reaprendê-la", explica o psicólogo James Stone, da Universidade de Sheffield. Vamos explicar.
As memórias são formadas por conexões temporárias, ou permanentes, entre os neurônios. Suponha que você pegue um papelzinho onde está escrito um endereço de rua. O seu cérebro usa um grupo de neurônios para processar essainformações. Para memorizá-la, fortalece as ligações entre eles - e aí, quando você quiser se lembrar do endereço, ativa esses mesmos neurônios. Beleza. Só que nesse processo parte do cérebro age como se a tal informações (o endereço de rua) fosse uma coisa inteiramente nova, que deve ser aprendida. E esse pseudoaprendizado acaba alterando, ainda que só um pouquinho, as conexões entre os neurônios. Isso interfere com outros grupos de neurônios, que guardavam outras memórias, e chegamos ao resultado: ao se lembrar de uma coisa, você esquece outras. O pior é que esse processo não distingue as recordações úteis das inúteis. Ou seja, ficar se lembrando de besteiras prejudica as lembranças que realmente importam. O simples ato de ouvir rádio pode ser suficiente para disparar esse processo (acredita-se que determinadas músicas possam "travar" o córtex auditivo, causando aquelas incessantes repetições de uma melodia dentro da sua cabeça). Conclusão: estamos esquecendo cada vez mais as coisas importantes porque lembramos cada vez mais das coisas sem importância. Mas isso não é o fim do mundo.
"Esquecer faz parte de uma memória saudável", afirma o neurocientista Ivan Izquierdo, diretor do centro de memória da PUC-RS e autor do livro A Arte de Esquecer. Até 99% das informações que vão para a memória somem alguns segundos ou minutos depois. Isso é um mecanismo de limpeza que ajuda a otimizar o trabalho do cérebro. Se tudo ficasse na cabeça para sempre, ele viraria um depósito de entulho. Isso nos tornaria incapazes de focar em qualquer coisa e atrapalharia bastante o dia-a-dia. Afinal, para que saber onde você estacionou o carro na semana passada? O importante é se lembrar de onde o deixou hoje de manhã. O esquecimento também é um trunfo da evolução. Imagine se as mulheres pudessem se lembrar exatamente, nos mínimos e mais arrepiantes detalhes, da dor que sentiram durante o parto? Provavelmente não teriam outros filhos. Aliás, recordar-se de tudo pode ter efeitos psicológicos graves. É o caso da americana Jill Price, de 44 anos, cuja história contamos na SUPER de agosto. Você não se lembra? Vamos resumir: ela sabe tudo o que aconteceu, comeu e fez em cada dia dos últimos 29 anos. Por causa disso, tem problemas psiquiátricos e sofre para levar uma vida normal. "Imagine se você conseguisse se lembrar de todos os erros que já cometeu", explica. Seria horrível. Para evitar que a memória se torne um pesadelo, o cérebro possui um mecanismo de defesa. E ele fica numa das profundezas mais misteriosas da mente humana.
Freud estava certo
Para o pai da psicanálise, a mente tem um depósito onde guarda suas memórias e pensamentos reprimidos: o inconsciente. Freud elaborou suas teorias muito antes de qualquer pesquisa neurocientífica, mas os estudos mais modernos estão comprovando que ele tinha razão. O inconsciente realmente existe, e tem um papel muito maior do que se pensava.
O cientista israelense Hagar Gelbard-Sagiv ligou eletrodos na cabeça de 13 voluntários que assistiam a diversos clipes numa televisão. Monitorando o cérebro deles, Sagiv registrou as áreas do cérebro que estavam sendo ativadas. Em seguida, os voluntários foram convidados a relembrar detalhes dos clipes. Quando eles fizeram isso, os mesmos neurônios se acenderam. Normal. Só que os neurônios entravam em ação 1,5 segundo antes de a pessoa se lembrar, conscientemente, de qualquer coisa. Ou seja: todas as nossas memórias, não só as reprimidas, passam pelo inconsciente antes de chegar à consciência. E isso faz todo o sentido. Você não precisa se lembrar, conscientemente, de tudo o que sabe - as informações podem perfeitamente ficar no inconsciente e serem trazidas à tona quando forem necessárias. Sabe quando você esquece uma coisa, diz para si mesmo "daqui a pouco eu me lembro" e acaba se lembrando mesmo? Agradeça ao inconsciente.
Mas como a consciência armazena e lê as memórias que estão guardadas lá? Antes de gravar uma informação, o cérebro seleciona o tipo de memória mais adequado. Você já deve ter ouvido falar que existe uma memória de curto prazo, para informações temporárias (um número de telefone) e outra de longo prazo, para as lembranças que duram a vida toda. É verdade. Mas a divisão é mais complexa - na prática, existem 5 tipos de memória, e todos eles podem ser de curto ou longo prazo [veja acima a lista].
Ninguém sabe exatamente em que partes do cérebro elas se escondem, mas tudo indica que o processo é coordenado pelo hipocampo e pela amídala. O hipocampo é vital para a formação das memórias. Você já ficou bêbado e esqueceu o que tinha feito? Foi porque o álcool paralisou seu hipocampo - e, por isso, o cérebro parou de gravar as memórias daquela noite.
Já a amídala está ligada às lembranças mais fortes que existem: as memórias emocionais. Já reparou como você nunca esquece aquele dia em que levou um fora, ou do que estava fazendo na manhã do 11 de Setembro? "A amídala garante que nos lembremos de informações sobre ameaças ou eventos traumáticos, pois essas recordações podem ser vitais para a sobrevivência", afirma o neuropsiquiatra Daniel Schacter, da Universidade Harvard. Mas, em situações muito extremas, acontece o contrário - é por isso que quem sofre um acidente de carro dificilmente se lembra do momento exato da batida. "O cérebro tem mecanismos para bloquear certas informações", explica Izquierdo.
Esquecer é necessário e faz bem. Nunca se esqueça disso, ok? E prepare-se para conhecer a verdadeira, e surpreendente, capacidade da memória humana.
Ei, você lembra de mim?
O cérebro usa um tipo de memória para cada tipo de informação que deseja armazenar
Processual
Quando você aprende a andar de bicicleta, não esquece mais. É por causa desse tipo de memória, que dá novas habilidades ao corpo. É uma memória tão simples que até os invertebrados a possuem.
Visual
Feche os olhos e pense num papagaio. A imagem dele apareceu na sua cabeça? Parabéns, você acaba de usar a sua memória visual. Ela serve para registrar rostos e marcar lugares onde você esteve.
Episódica
É sua e de mais ninguém: contém os acontecimentos da sua vida. Sejam eles marcantes ou não: o primeiro beijo, aquela viagem inesquecível - ou o almoço de ontem.
Topocinética
Grava os seus movimentos e registra a posição do corpo no espaço. É graças a ela que você consegue memorizar instruções do tipo "vire a primeira à direita e a segunda à esquerda".
Semântica
É a memória do conhecimento. Guarda as palavras, os raciocínios e o sentido das coisas. Geralmente exige que as informações sejam repetidas várias vezes.
Para quem tem a memória fraca e ainda está perdendo o restinho que ainda se esconde CALMA!!! ta aqui a solução.
A Memória é um dos milagres do cérebro. Por exemplo: você sabia que ela está conectada a centros neuronais responsáveis por sensações de bem-estar? Faça o teste: encontre aquele sujeito que segura a manga da sua blusa para conversar a exatos 5 cm de distância do seu nariz. Quando ele começar a contar a mesma história de ontem, diga que “hum..! Acabei de lembrar um compromisso urgente!” e saia de fininho. A sensação de frescor e alívio é imediata. E quem levará a culpa? Exatamente: a Memória. Você não foi antipático ou anti-social: apenas mais uma vítima da Memória, ora. Ou da falta dela.
Exercitar regularmente a memória reduz o risco de
Alzheimer, depressão e brigas conjugais com separações litigiosas. E
apesar destes e de vários outros benefícios, a maioria de nós trata a
memória com desleixo. É quase como se não nos lembrássemos dela. Uma
tristeza. Mas você pode começar a reverter isso ainda hoje, utilizando
as dicas a seguir.
ACREDITE EM VOCÊ MESMO.
Feche os olhos e concentre-se para alcançar
o nome daquele filme, artista, música, acontecimento, seja o que for.
Ele está lá, camuflado nos recônditos da sua mente feito uma criança
travessa brincando de pique-esconde. Se não conseguir encontrar a
informação naquele exato momento, anote a dúvida e procure novamente
mais tarde. Nunca desista!
RECONSTRUA SUA MEMÓRIA.
Visualize a seguinte situação: casal saindo
do cinema no shopping. Ambos param ao lado do carro, estacionamento
descoberto. Chove cântaros, quase um Dilúvio. Ele pede as chaves para
ela:
HOMEM: me dá! Me dá! – gesticulando no ar o ato de dar partida na ignição.
MULHER: Hum... estavam aqui... – nariz inteiro + meio braço dentro da bolsa de 38 compartimentos, que começa a encher d’água.
HOMEM: Você perdeu? - impaciente, tentando cobrir a cabeça com a gola da blusa. Desiste quando vê o tamanho da barriga que ficou de fora.
MULHER: É, parece que sim... – e chove.
HOMEM: Essa sua bolsa... ! *xingamentos*
MULHER: Calma, calma, a gente encontra! – e chove mais.
HOMEM: Pelo menos você lembra onde perdeu? - ambos ensopados.
MULHER: Não... hum, não ficaram com você?
HOMEM: *palpa-se e resmunga alguma coisa em dialeto tibetano enquanto tira as chaves que estavam o tempo todo esquecidas no bolso da calça*.
MULHER: Hum... estavam aqui... – nariz inteiro + meio braço dentro da bolsa de 38 compartimentos, que começa a encher d’água.
HOMEM: Você perdeu? - impaciente, tentando cobrir a cabeça com a gola da blusa. Desiste quando vê o tamanho da barriga que ficou de fora.
MULHER: É, parece que sim... – e chove.
HOMEM: Essa sua bolsa... ! *xingamentos*
MULHER: Calma, calma, a gente encontra! – e chove mais.
HOMEM: Pelo menos você lembra onde perdeu? - ambos ensopados.
MULHER: Não... hum, não ficaram com você?
HOMEM: *palpa-se e resmunga alguma coisa em dialeto tibetano enquanto tira as chaves que estavam o tempo todo esquecidas no bolso da calça*.
Ora, se você “lembra” onde perdeu, não
perdeu coisa alguma. Quando achar que esqueceu algo, respire fundo e
reconstrua sua memória, seguindo as pistas daquela informação na sua
mente. Onde você estava no princípio, com quem, fazendo o quê?
Reconstruir a memória levará poucos segundos e será menos embaraçoso que
pedir desculpas.
UTILIZE MAIS SENTIDOS.
Ao receber uma informação importante (o
nome de alguém ou um compromisso, por exemplo), repita os dados para seu
interlocutor ou escreva em um papel. Acionando mais sentidos, seu
cérebro sedimentará melhor a informação.
Outro recurso valioso para não esquecer uma
informação nova é criar um Ponto de Lembrança. Por exemplo, se lhe
passarem uma data por telefone e você não tiver onde anotá-la, crie um
Ponto de Lembrança levantando-se e dando três pulinhos em um só pé,
enquanto repete a data em voz alta e cantando. Se você estiver em um
local público, o efeito é ainda melhor: daí em diante, sempre que você
recordar a vergonha que passou, a bendita data irá surgir na sua frente
feito um coelho na cartola.
FAÇA SUAS CONTAS.
Retroceder ou avançar dias da semana,
quando irá cair o quinto dia útil do próximo mês, quantos anos tem
alguém que nasceu em 21 de fevereiro de 1937, 760 mg divididos em 04
partes iguais, as datas de aniversário da sua família, a conta da
padaria... Seu cérebro está aí, ponha-o para malhar com vontade!
EXERCITE-SE BRINCANDO.
Chegando do trabalho, faça um capuccino e
fuja da novela das 6h: espalhe sobre a mesa um quebra-cabeça com não
menos que 500 peças e torne-o seu hobby pelos próximos dias. Aprenda
tocar um instrumento musical, faça palavras-cruzadas no ônibus, jogue
memória no computador, escolha uma música que você gosta e aprenda a
letra. Estas atividades são úteis para manter o cérebro afiado e sempre
pronto para processar novas informações.
Um exercício bastante útil para memória - e
que você pode fazer até mesmo no trabalho -, é o Jogo da Visão
Periférica. Além de treinar sua memória, este teste passa a impressão
que você está completamente absorto em seu serviço e não à toa de fato.
Funciona da seguinte maneira: durante 10
segundos, concentre sua visão em um ponto fixo à sua frente (a tela do
computador ou a garrafa de café, por exemplo), mas procure prestar
atenção também ao que está no seu campo de visão periférica. Não
trapaceie, não vire o rosto nem desvie os olhos do objeto que fixou
inicialmente. Passados os 10 segundos, faça uma lista de tudo que você
viu. E então repita o procedimento, tentando adicionar mais itens à sua
lista.
Gradualmente, você pode aumentar o
nível de dificuldade. Diminua o tempo de exposição, sente-se em outro
lugar ou peça para um colega adicionar objetos ao ambiente sem que você
perceba (um grampeador, um arranjo de flores, uma manada de Gnus, etc).
Quando estiver dominando a técnica da Visão Periférica, organize um
campeonato e garanta sua diversão para o resto do dia. Ah, sim, e não se
esqueça: o jogo termina quando a palavra “chefe” surgir na lista de um
dos participantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário