A
palavra Estresse vem do inglês "Stress", termo usado
inicialmente na física para traduzir o grau de deformidade sofrido por um
material quando submetido a um esforço ou tensão.
O
médico Hans
Selye transpôs o termo para a medicina e a biologia para definir o esforço
de adaptação do organismo ao enfrentar situações que considere ameaçadoras
à sua vida e equilíbrio interno.
Muitas
vezes a palavra é utilizada indiscriminadamente para definir diferentes
sensações, mas "Estresse" é a denominação dada a um
conjunto de reações orgânicas e psíquicas de adaptação que o organismo
emite quando exposto a qualquer estímulo que o excite, irrite, amedronte ou o
deixe muito feliz.
Apesar
de geralmente estar associado a situações negativas, é importante
ressaltar que reações
relacionadas a situações prazerosas também são caracterizadas como "Estresse"
. Nem sempre o agente disparador de um
processo de estresse é um acontecimento desprazeroso. Apaixonar-se, por
exemplo, iniciar um
emprego desejado, receber uma promoção, comprar uma casa nova também podem gerar alterações
no equilíbrio interno do organismo.
Em princípio,
portanto, "Estresse" não é uma doença, embora seja assim
compreendido por muitas pessoas. É simplesmente a preparação do organismo
para lidar com as situações que se apresentam. O prolongamento ou a exacerbação de uma situação
específica é que, de acordo com as características do indivíduo naquele
momento, podem gerar conseqüências indesejáveis.
Na
realidade, o estresse é um mecanismo normal, necessário e benéfico ao organismo, pois
faz com que o indivíduo se torne mais atento e sensível diante de situações de
perigo ou de uma dificuldade qualquer. Na pré-história, quando um homem saía
para caçar, era necessário um certo nível de estresse para que ele pudesse
enfrentar riscos. Assim, as alterações orgânicas decorrentes, como a constrição dos vasos periféricos, o aumento da
pressão arterial, a respiração ofegante e a dilatação das pupilas mostravam-se
especialmente positivos, pois permitiam que sangrasse menos ao ferir-se,
tornavam seu corpo
mais oxigenado, favoreciam que corresse mais e melhor em função dos músculos enrijecidos
e enxergasse melhor, caso estivesse no escuro. O estresse funcionava, portanto, como um mecanismo de
sobrevivência.
Certo nível
de estresse pode, como vimos, ser benéfico, ao estimular o corpo, melhorando sua atuação.
Entretanto, se o nível aumenta muito, emerge a fadiga que, com o tempo, pode gerar a suscetibilidade a doenças físicas e
mentais.
Cada
pessoa tem um nível diferente de tolerância ao estresse: algumas parecem não
sofrer efeitos negativos de níveis aparentemente altos, enquanto outras
suportam apenas pequenas mudanças por vez em sua vida, sem se tornarem ansiosas,
deprimidas ou doentes.
O
estresse torna-se prejudicial quando crônico. O homem
contemporâneo passa por diversas situações estressantes no dia-a-dia, sem
descanso, submetendo-se a uma pressão constante que acaba deteriorando
seu corpo. Apesar das situações desgastantes serem, principalmente, de
ordem intelectual e não física como antigamente, o ser humano continua reagindo a elas com
o mesmo mecanismo de sobrevivência que a espécie utiliza há dez mil
anos, necessitando, por tal razão, encontrar alternativas para
preservar seu bem-estar.
No início,
o estresse é muito sutil, e as pessoas tendem a negar sua existência, o que dificulta a identificação. Em primeiro
lugar, é necessário que o indivíduo admita que o estresse está presente. O diagnóstico é
feito, geralmente, a partir dos sintomas: a associação de três ou quatro sintomas
vagos, como insônia, cansaço e dores de cabeça.
A pessoa
estressada apresenta-se cronicamente tensa, cansada e irritada. Há um
comprometimento da criatividade e da flexibilidade; a dor de cabeça é constante e as unhas
roídas. O
indivíduo alimenta-se mal, apressadamente, tem transtornos
digestivos e pode
dormir excessivamente ou ter insônia. No aspecto sexual, ocorre a falta de libido ou
a hipersexualização, quando o indivíduo tenta descarregar a tensão no ato
sexual. É como uma reação em cadeia: os problemas vão gerando mais
problemas, e um aspecto da vida interfere em outro. A pessoa tem a sensação de
estar "cansada de tudo", afetando aqueles que estão à sua
volta.
De
onde vem o estresse?
O
ser humano está cada vez mais exposto a inúmeras situações às quais precisa
adaptar-se: demandas e pressões externas vindas da família, do meio social, do
trabalho, da escola ou do meio ambiente físico. São
enormes as exigências de atualização, o excesso de informações a que está
exposto, as responsabilidades, as obrigações, a auto-crítica, as dificuldades fisiológicas
e psicológicas.
A
capacidade de adaptação e a
vulnerabilidade individual são muito importantes na ocorrência e na gravidade das reações ao
processo de "Estresse", que depende tanto da personalidade do indivíduo
quanto do estado de saúde em que se encontra. Fatores tais como estilo de
vida, experiências passadas, valores, crenças, atitudes,
doenças e predisposição
genética são significativos para a instalação do estresse. O risco de um estímulo
estressor gerar uma doença é aumentado na presença de uma exaustão física
ou de fatores orgânicos.
Fases
do Estresse
Hans
Selye dividiu didaticamente o processo de estresse em 3 fases interdependentes,
a saber:
O
indivíduo
depara-se com uma situação estressora, como por exemplo: trânsito
caótico,
contas a pagar, salário congelado, falta de tempo para o lazer, uma
promoção ansiada, beijo, intensa competição, divórcio, injúria
pessoal ou doença, ameaça de um predador, mudança súbita e ameaçadora
na posição social e/ou nas relações do indivíduo, ameaça à
integridade emocional da própria pessoa ou de pessoa por ela amada,
vida
afetiva em desequilíbrio, acidente, assalto, injeções de substâncias
estranhas ao organismo, frio intenso, anestesia, cirurgia, barulho,
auto-estima
rebaixada, entre outros.
Diante
disso,
o indivíduo entra na 1ª Fase, denominada fase de Alarme, na qual o
organismo entra em estado de alerta para se proteger do perigo
percebido e dá prioridade aos órgãos de defesa, ataque ou fuga. As
reações
corporais desenvolvidas nesta fase são: dilatação das pupilas,
estimulação
do coração (palpitação), aumento da pressão
arterial, respiração alterada (ofegante) e dilatação dos brônquios,
aumento na possibilidade de coagulação do
sangue (para assim poder fechar possíveis ferimentos), liberação do
açúcar
armazenado pelo fígado (para que este seja usado pelos músculos),
redistribuição da reserva
sangüínea da pele e das vísceras para os músculos e cérebro, frieza nas
mãos
e pés, tensão nos músculos, inibição da digestão (inibição da produção
de fluidos digestivos, inibição dos movimentos peristálticos do percurso
gastro-intestinal) e inibição da produção de saliva (boca seca).
Caso o
indivíduo consiga lidar com o estímulo estressor, eliminando-o ou aprendendo a
lidar com o mesmo, o organismo volta à sua situação básica de equilíbrio
interno (homeostase) e continua sua vida normal. Mas se, ao contrário, o estímulo
persistir sendo entendido como estressor e o indivíduo não consiga encontrar
uma forma de se reequilibrar, vai ocorrer uma evolução para as outras duas
fases do processo de estresse.
Na 2ª
Fase, denominada fase de Resistência Intermediária ou "Estresse" Contínuo, persiste o desgaste necessário
à manutenção do estado de alerta. O
organismo continua sendo provido com fontes de energia rapidamente mobilizadas,
aumentando a potencialidade para outras ações, no caso de novos perigos
imediatos serem acrescentados ao seu quadro de "Estresse" Contínuo. O
organismo continua buscando ajustar-se à situação que se apresenta.
Toda
essa mobilização de energia traz algumas conseqüências como: redução da
resistência do organismo em relação a infecções; sensação de desgaste,
provocando cansaço e lapsos de memória; supressão de várias funções
corporais relacionadas com o comportamento sexual, reprodutor e com o
crescimento. Exemplos: queda na produção de espermatozóides; redução de
testosterona; atraso ou supressão total da puberdade; diminuição do apetite
sexual; impotência; desequilíbrio ou supressão do ciclo menstrual; falha na
ovulação ou falha no óvulo fertilizado ao dirigir-se para o útero; aumento
do número de abortos espontâneos; dificuldades na amamentação.
Com a
persistência de estímulos estressores, o indivíduo entra na 3ª Fase,
denominada fase de Exaustão ou Esgotamento, onde há uma queda na imunidade e o
surgimento da maioria das doenças, como por exemplo: dores vagas; taquicardia;
alergias; psoríase; caspa e seborréia; hipertensão; diabete; herpes; graves
infecções; problemas respiratórios (asma, rinite, tuberculose pulmonar);
intoxicações; distúrbios gastrointestinais (úlcera, gastrite, diarréia, náuseas);
alteração de peso; depressão; ansiedade; fobias; hiperatividade;
hipervigilância;
alterações no sono (insônia, pesadelos, sono em excesso); sintomas cognitivos
como dificuldade de aprendizagem, lapsos de memória, dificuldade de concentração;
bruxismo, etc., o que pode ocasionar a perda de dentes; envelhecimento; distúrbios no
comportamento sexual e reprodutivo.
Algumas
vezes
diante de uma situação muito intensa ou extrema para a pessoa, ela
desenvolve um quadro denominado "Estresse" Agudo, situação em que o
organismo
mostra-se incapaz de lidar com os estímulos e tem reações que geralmente
o
afastam da realidade. Normalmente este quadro se inicia algum tempo após
a ocorrência do estímulo, desaparecendo dentro de horas ou
dias. O "Estresse Agudo" se caracteriza por: atordoamento inicial;
estreitamento do campo de consciência; diminuição da atenção;
incapacidade
de compreender estímulos; desorientação; retraimento da situação
circundante (estupor dissociativo); agitação e hiperatividade; sinais
autonômicos
de ansiedade de Pânico; amnésia parcial ou completa para o episódio.
Tratamento
O tratamento deve incluir um
programa global de reeducação e conscientização, que permita ao indivíduo conhecer-se e viver
melhor mediante uma reestruturação de seu modo de vida: modificação dos horários,
diminuição do nível de
sobrecarga, mudança dos hábitos alimentares e de sono, fazendo com que ele se
relacione melhor com o próprio corpo. Para tanto, são utilizadas técnicas de
relaxamento, acupuntura, medicina ortomolecular, terapia de grupo ou familiar.
Caso o estresse tenha dado origem a patologias como úlcera ou problemas no
aparelho digestivo, é realizado um tratamento específico.
Como evitar ou controlar o estresse
Sugestões
para evitar ou controlar a incidência do estresse:
Escolher uma dieta nutritiva e bem equilibrada;
Descansar regularmente
após grande esforço físico, mental ou diante de um projeto frustrado;
Estabelecer
prioridades e estabelecer metas realísticas, rejeitando prazos
absurdos ou impraticáveis e executando uma tarefa de cada vez;
Permitir-se
uma certa flexibilidade se tiver que mudar de idéias ou planos para viabilizar uma
programação;
Preservar
a vida social conservando as velhas amizades, fazendo novos amigos, fortalecendo as relações
familiares e ajudando
outras pessoas em suas necessidades;
Exercitar-se regularmente;
Aprender a relaxar
o corpo e a mente (meditação, ioga, etc);tirar férias, respirar profundamente e espreguiçar-se;
Ouvir
as músicas prediletas; tomar um banho morno; apreciar a quietude da natureza;
Discutir seus problemas
com pessoas de sua confiança
que possam ajudá-lo a encontrar uma solução para os seus
problemas;
Dormir
um sono reparador;
Assumir o controle de sua vida,
antecipando mudanças e evitando muitas mudanças ao mesmo tempo;
Preparar-se para crises
futuras, abrindo
sua mente e procurando melhores maneiras de fazer as coisas, não
se deixando prender à velha rotina de costume;
Rir
à vontade e não ter medo de chorar;
Ser
feliz, pois a felicidade nada mais é do que um estado de espírito; portanto, explore o que há de positivo em
todas as situações;
Sorrir
interior e exteriormente.
Amar
e ser amado.
ESTRESSE
INFANTIL
Criança
também fica estressada. Atualmente, também nossos filhos têm uma vida social
intensa. Dividem-se entre várias atividades tais como: festinhas, passeios,
escola, aulas de inglês, natação, ballet, futebol, judô e inúmeras
outras.
Ficam mais agitadas, com dificuldades para comer,
chorando por qualquer motivo. Além disso, a
cobrança excessiva dos pais quanto ao desempenho escolar também
pode provocar o estresse infantil.
Os diagnósticos
de depressão e síndrome do pânico, conseqüências psíquicas do estresse, têm
sido feitos muito precocemente (aos 11 ou 12 anos), quando o normal
seria entre os 30 e 40 anos. O pânico, cuja média mundial é de 1,6%, faz com que o
as crianças tenham pensamentos negativos e medos diversos, tais como o de ficar
sozinho e o de sair de casa.
O
tratamento de estresse em crianças é feito com os mesmos medicamentos
indicados para os adultos, mas é necessário que os pais mudem de atitude em
sua relação com a criança, pois muitas vezes a causa do estresse está
dentro de casa.
E o
estresse na criança é do que uma resposta do organismo a este acúmulo
de informações e desafios. A infância é um período complexo porque a criança lida com informações desconhecidas
o tempo todo. Se, além disso, ela for sobrecarregada de obrigações, o
resultado será um fardo difícil de carregar, como também o surgimento das chamadas doenças
psicossomáticas: as bronquites asmáticas, as gastrites, os problemas intestinais.
As causa
mais freqüentes de estresse infantil são:
Disfunção
familiar, separação ou abandono dos pais.
Mudança
da casa, cidade o escola.
A
chegada de um novo irmão.
Dificuldades
de adaptação social.
Morte de
algum parente.
A
competitividade e a exigência nas escolas.
Condutas
alarmantes
Os
sintomas do estresse nas crianças menores de cinco anos:
Irritabilidade
Choro
mais do usual.
Desejo
de estar sempre nos braços
Pesadelos.
Medos
excessivos à escuridão, aos animais ou à estar sozinhos.
Mudanças
no apetite.
Dificuldades
na fala.
Retorno
a comportamentos infantis já superados, como urinar na cama ou chupar o dedo.
Os
sintomas do estresse nas crianças de entre 5 a 11 anos são:
Irritabilidade;
Agressão;
Choros;
Necessidade
de chamar a atenção dos pais competindo com os irmãos;
Apresentar
dores físicas sem existir doenças;
Afastamento
dos colegas.
Os pais são os
principais decodificadores de seu universo infantil, mas com o passar do tempo, brincar passa
a ser o instrumento pelo qual a criança elabora suas dificuldades, conflitos,
medos e incertezas, e que, ao mesmo tempo, possibilita sua inserção no mundo.
"O primeiro passo que deve ser dados pelos pais é de se acalmar e dar-lhe
segurança, demostrando que conta com o apoio que eles precisam".
Se o
estresse chega a passar desapercebido pelos pais e não é tratada corretamente,
corre-se o risco de que se desenvolva outro tipo de patologias associadas, como
a depressão. Isto pode ser evitado se os pais tiverem tempo de olhar com calma
o seu filho.
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