Tais pacientes em geral têm um estilo cognitivo distintamente paranóide que é caracterizado por uma busca permanente de significados ocultos, de pistas que revelem a verdadeira intenção por detrás das aparências ou do que dizem as pessoas. Essa busca revela um estado de hipervigilância que gera um considerável estado de tensão física e emocional no indivíduo. | |
O paciente paranóide nunca relaxa. Essas pessoas tendem vasculhar cuidadosamente o ambiente a fim de terem uma percepção muito precisa de suas condições, mas, seu julgamento a respeito do que percebem geralmente está prejudicado. | |
Geralmente o paranóico tem uma experiência de relacionamento com os outros que é descontinua, ou seja, mesmo com uma longa convivência, eles não conseguem construir uma imagem das pessoas através das quais possam se orientar. Por exemplo, quando uma pessoa convive com outra, aprende que determinados traços do companheiro são estáveis e outros são instáveis de forma que poderá confiar naqueles que são estáveis. | |
Com o paranóico isto não acontece. Isso ocorre porque nenhum padrão ou relacionamento é sentido como duradouro e porque eles estão tão alertas ao momento presente e assim, ficam impossibilitados de estabelecerem escalas de valores para si próprios e para os outros. | |
O paranóico tem somente a percepção do momento atual. O grande problema é que todos momentos do paranóico são tensos por causa da hipervigilância. O paranóico, quando inicia um relacionamento já o faz com a certeza de que não vai durar. Isso ocorre por causa da crença de que não podem ser amados ( eles geralmente tem uma auto-estima muito baixa) e assim buscam nos comportamentos do parceiro, deslizes que confirmem suas suspeitas e expectativas negativas. | |
O indivíduo paranóico tem um self que não chegou a se desenvolver completamente e assim, eles funcionam como crianças cuja experiência traumática, ainda amedronta. Como a experiência traumática está reprimida e por isso, eles não podem integrar a experiência, eles sentem apenas a ameaça da situação traumática infantil. Dessa maneira, eles ficam "em guarda" 24 horas por dia. | |
A experiência total do self é unicamente aquela da vivência imediata, a experiência atual. No paranóico não há um aspecto do psiquismo que faz interpretações e a mediação entre o símbolo e o simbolizado. Isso significa que o indivíduo tem percepções e pensamentos, mas, não interpreta corretamente os sentimentos em relação às essas percepções. Um exemplo pode nos ajudar a compreender melhor: O paciente paranóico não pode pensar: "Acho que esse cara está com más intenções!" Ele vai afirmar que o outro tem péssimas intenções. | |
Uma outra característica dos paranóicos é a necessidade de controlar os outros. Conheci um paranóico que desejava colocar microfones em sua empresa para saber o que seus colegas de trabalho falavam dele quando estava ausente. A necessidade de controlar os outros reflete uma auto-estima muito baixa e que é justamente o que está na raiz da paranóia. Um outro paranóico ficava aflito porque desejava saber o que as pessoas que conversavam com ele, estavam pensando (sobre ele, evidentemente). | |
Ele tinha o sonho de descobrir uma forma de obter esse tipo de controle. Entretanto, eles costumam mostrarem-se grandiosos, espertos e especiais. Tais comportamentos nada mais são que uma defesa compensatória contra os sentimentos de impotência e falta de valor. | |
O rebaixamento de auto-estima está também relacionado às dificuldades que os paranóicos tem com as figuras de autoridade. Eles temem que as pessoas (que eles julgam) que estão em melhores condições hierárquicas ( social, profissional e intelectual), possam humilhá-los e ameaçar sua autonomia, bem como temem que qualquer pessoa que se aproxime deles tenha como objetivo final, assumir o controle e deixá-los humilhados e submissos. | |
Lembro-me de uma mulher paranóica que procurou ajuda por exigência do marido. Eles estavam casados há dois anos e ela comportava-se na cama, como se estivesse "morta". Seu marido começou a irritar-se e chegou mesmo a propor a separação. Observamos que ela nunca sabia como se comportar. Se expressasse o que sentia, temia que o marido fosse achá-la uma vadia, promiscua e suja. E antão ele poderia desprezá-la. | |
Ela não conseguiu mudar e eles acabaram por separar-se. Na realidade sua angustia maior era não só o que tínhamos observado como também o receio de que se mostrasse o que sentia nas relações sexuais, seria dominada por seu marido e assim, acabaria escravizada e controlada. Essa foi a questão que a impediu de mudar. | |
AS PARANÓIAS Existem na realidade três tipos de patologias (doenças) que tem os sintomas paranóides como elemento central. Essas três patologias são descritas como a seguir: | |
* Desordem de Personalidade Paranóica * Transtorno Paranóico Delirante * Esquizofrenia Paranóide. | |
No Transtorno de Personalidade Paranóide o estado paranóide a pessoa afetada pode funcionar relativamente bem na vida social. No caso do Transtorno Delirante o transtorno já é mais grave, indivíduo tem ilusões situadas mas também pode viver relativamente bem em sociedade. No caso da Esquizofrenia Paranóide, a paranóia é tão severa que o indivíduo torna-se incapacitado de conviver em sociedade. | |
Persecutoriedade e Desconfiança Um sinal inconfundível da paranóia é um ininterrupto estado de desconfiança. As pessoas com Desordem de Personalidade Paranóica estão constantemente prevenidas e tentam protegerem-se porque elas percebem o mundo como sendo um lugar ameaçador. | |
Elas tendem a confirmar suas expectativas ruins fechando-se para quaisquer evidências que possam contrariar suas suspeitas e ignoram os bons sinais interpretando-os sempre pela ótica de suas desconfianças (rigidez). Como elas estão sempre alertas para ataques, maus-tratos e traições, atitudes que por si só geram um grande stress, elas interpretam os fatos à sua volta sempre pelo lado ameaçador e procuram meios de defenderem-se. | |
Há um momento especialmente interessante para identificar um paranóico que é quando eles estão fazendo algum tipo de negócio com alguém. Decidir é um processo extremamente doloroso porque, por um lado, eles não sabem determinar o valor das coisas e, por outro, eles temem estar sendo enganados. Para lidar com isso, eles tendem a fazer infinitas consultas sobre o assunto com os amigos e acabam por tomar decisões que não consideram as opiniões colhidas e evidentemente, na maioria das vezes, fazem bobagem. | |
Qualquer pessoa que enfrenta uma nova situação - iniciando num trabalho ou começando um novo relacionamento, por exemplo-será cautelosa e um pouco vigilante até que tenha alguma compreensão sobre o ambiente e perceba que seus medos são infundados. Com as pessoas que sofrem de paranóia, as coisas são diferentes. Tais indivíduos geralmente não conseguem abandonar seus medos, que são na verdade, a grande defesa que eles tem contra a violenta necessidade de intimidade. | |
Eles vivem esperando um comportamento artificial e duvidam da lealdade dos outros. Lembro-me de uma mulher que tinha um genro excepcional. O sujeito era um cara muito querido por todos. Então, ela procurava defeitos nele e não os encontrava. Um dia ela dizia: "Não sei não. O dia em que esse cara mostrar quem ele é, todo mundo vai ficar de queixo caído". Um dia ele mostrou. Foi embora porque não suportava as mentiras e paranóias da família de sua mulher que por si mesma, era extremamente ciumenta e, via amantes, onde não caberia nenhuma. Numa relação pessoal ou no casamento, os paranóicos tendem a apresentar um ciúme patológico que é despertado por uma infinidade de fantasias irreais. | |
Viver numa cidade como São Paulo, num período onde a violência é regra, pode ser muito desgastante para todos nós. Assim, todos nós ficamos um pouco paranóicos e isto é absolutamente normal. Entretanto, o individuo paranóico sofre muito mais que os outros porque o pânico e a angústia são potencializados e podem mesmo se tornarem paralisantes, deixando-os mais estressados e agressivos. | |
2- FRIOS E DISTANTES Em geral, os paranóicos são tidos como inteligentes, bons argumentadores e inflexíveis. Mas uma olhada mais cuidadosa mostra que eles tem uma forma de pensamento que pode ser definido como " estilo paranóico". Esse estilo é caracterizado por uma busca constante de significados ocultos nas coisas que as pessoas fazem e falam o que os impede de viver as experiências que permitem enriquecer a inteligência. Maleabilidade é uma coisa que eles desconhecem completamente. | |
As pessoas com Desordem de Personalidade Paranóica são emocionalmente distantes de outras pessoas. Na realidade, eles parecem frios e freqüentemente evitam a intimidade com os outros. Eles se orgulham de sua racionalidade e objetividade (que na verdade é a concretude). Pessoas com Desordem Paranóica de Personalidade raramente procuram tratamento por acharem que não precisam de ajuda. Muitos funcionam presumivelmente, de maneira competente na vida social, ainda que sejam visto como " esquisitos". | |
A ausência de intimidade com o paranóico surge por causa da excessiva falta de confiança e vigilância feroz das relações interpessoais que naturalmente vai conduzir a uma ausência de intimidade. Uma coisa muito difícil no relacionamento com um paranóico é que intimidade é o que eles mais temem. Qualquer intimidade representa uma terrível ameaça de mergulhá-los num completo mundo de terror. | |
Como lhes falta o conhecimento dos afetos sinceros e ternos, eles não sabem como atender seus parceiros e assim, mantém uma distância segura. Geralmente esse tipo de comportamento mina um relacionamento levando-o ao termo porque o parceiro não paranóico está impossibilitado de compreender porque a intimidade não se solidifica e assim, começa a ter crises de auto-estima e, se for saudável, acaba por afastar-se. | |
O paranóico tem um grande medo de perder o controle e amar, porque isto significa dividir o controle com alguém, deixar-se abandonar para ser cuidado pelo outro. Eles têm um medo enorme de se tornarem íntimos porque sua fantasia é que o parceiro está, secretamente, tentando assumir o controle da sua mente do paranóico. Na realidade eles têm fantasias de serem dominados (masoquismo). | |
É interessante observar a dicotomia entre a auto representação de características onipotentes, vingativas, e que triunfa sobre o mundo e, por outro lado, a imagem contrastante guardada no fundo de cada um, em que eles vêem-se como impotentes e tem uma visão completamente humilhada de suas vidas como sendo menosprezados pelo mundo e por si próprios. É a tensão entre estas duas imagens e a experiência deles no mundo subjetivo que cria o sentimento de paranóia. | |
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teste
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
De médico e louco todo mundo tem um pouco.........
Postado por
DIARIO ECLÉTICO
às
16:25
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