Por que reclamamos tanto?
Por que reclamamos tanto? É porque perdemos a capacidade humana de suportar as tensões normais da vida. Na vida moderna isto está relacionado à essa busca do prazer, da comodidade como fim último da vida. A promoção pelo comércio de comodidades como necessidades, da promoção da aparência como passaporte para o poder, para a felicidade.
Perdemos o sentido humano e cristão que colocava o amor como o sumo bem a guiar a nossa vida, como fim último da vida. Passamos a ver o outro como o "meu inferno" e não mais como meu irmão. Deixamos de ver a vida como serviço, deixamos de ver o nosso trabalho como modo de nos construirmos pela excelência que alcançarmos. Ser ou não ser não é mais a questão, mas sim ter ou não ter: que fazer, que possuir, que livrar-se, que evitar. A a caridade, a gentileza e outras grandeza humanas foram, quando lembradas, submetidas à utilidade, ao ganho de alguma vantagem, só se se ganha alguma coisa com elas é que valem a pena, senão não.
Muitas pessoas estão tão submetidas ao pragmático que nem conhecem esses horizontes largos, promovidos pela caridade, que permite a realização de grandes avanços. Só se faz o filme que dá lucro e para que dê é preciso que caia no clichê dos super, megas, efeitos especiais. A tecnologia concentra renda, polui e exclui mas gera um grande lucro e assim o mundo pode ser repartido entre os que interessam porque vão consumir e os que não interessam e para estes "políticas de aborto travestidas de medidas de saúde pública" que são verdadeiros democídios de pobres, indígernas.
É preciso saber recuperar o a capacidade de sofrer. Não nos referimos aqui a ser masoquistas. É saber, na vida cotidiana:
- Sofrer o calor do dia sem o repetir para os demais distribuindo a sua cruz aos demais.
- Não ter pena de si por coisas como ter que trabalhar, estudar, lavar louça, dirigir.
- É saber não fugir da obrigação mais difícil da agenda e fazê-la a primeira coisa do dia.
- É não adiar indefinidamente as obrigações sob mil desculpas como estar cansado, não saber, não entender e tantas outras enrolações como ficar horas na Internet, ou tomar cafezinho a todo instante no trabalho.
- É não descontar nos demais as suas penas reclamando, torturando psicologicamente com chantagens e culpas o cônjuge ou os filhos
- E tantas outras formas pelas quais resistimos cheios de penas de nós mesmos ao dever de cada dia. Há pessoas que tem preguiça de coisas elementares como fazer um café, acordar na hora certa, tomar banho, etc. Tudo isto só as tornam cada vez mais "incapazes", desvalidas e sua presença cada vez mais pesada aos demais.
Se uma pessoa não sabe sofrer fica endurecida, amarga, reclamona, paralizada no tempo, revivendo ressentimentos. Não é errado que a dor nos desagrade. Não há que procurar a dor. Mas que se oferecer é preciso enfrentá-la com amor.
Assim como no centro do prazer temos que por o amor, no centro da dor. O amor nos vem pela fé. A primeira coisa a fazer é recolher todos os pensamentos corretos sobre a dor. A dor tem um sentido na vida. A dor revela as verdadeiras dimensões da vida. A vida adquire seus verdadeiros nuances pela vivência da dor e do esforço que custa e que aqui nos referimos como motivo de queixa de muitos como sendo dor, mas que não chegam a sê-lo realmente. Pela dor adquirimos os verdadeiros nuances da nossa personalidade, sem a dor podemos estar iludidos. A dor nos mostra a verdadeira dimensão da vida.
A vida é solitária. Envelhecemos. Morremos. Há coisas que não podemos mudar. A dor da perda de um amor, de uma circunstância material favorável são dores que podem ocorrer na vida. Ter que acordar, tomar banho ou chegar do trabalho e ajudar a mulher com a educação dos filhos mesmo depois de um dia puxado, deixar de ir à uma festa para estudar, ou não compactuar com erros pode custar também, mas não são dores no sentido das anteriores. Embora tudo custe, é preciso distinguir as dores verdadeiras daquelas produzidas pelo egoísmo e que são muitas vezes as que mais comumente nos levam ao "sofrimento" cotidiano que limita o que nos somos. Para ambas as dores é preciso "saber sofrer", colocando o amor como guia da ação, da sua eleição.
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