No Brasil, ser malandro e “levar vantagem em tudo” é motivo de
orgulho. Se você não é malandro, você é mané. Não há meio termo entre
espertos e otários.
Talvez por isso vejamos tanta burrice de quem comete pequenos delitos
ou falcatruas – como as que vemos no cenário político. O cara se dar
bem e ninguém saber disso, é mais ou menos como o cara pegar a Megan Fox
e não poder contar pra ninguém.
Eu odeio malandro. Mas se é pro cara ser malandro, que seja direito. Malandro que parece malandro não é malandro.
Eu tinha um colega de de longos anos que era perito em enganar todo mundo
para levar vantagem. O cara era bom de lábia: vendia produtos usados e
defeituosos por um preço muito maior que o de um produto novo sem
defeitos, e o comprador ainda saía feliz, crente que havia feito um bom
negócio. O fato é que o cara tinha tanto orgulho de sua esperteza que
contava para todo mundo suas “proezas”. Incluindo as pessoas que, em
breve, ele acabaria tentando enganar também. Em pouco tempo, ninguém
mais confiava nele. O esperto ficava sem otários.
Ontem, caminhava por uma avenida e um otário fumava crack. Fumava porque queria, ninguém o obrigou.
Ontem, assistia a um telejornal e um esperto negociava propina. Pego em flagrante, porém fingia, dizia que não negociou.
Anteontem, numa casa noturna, um segundo otário cheirava pó. Cheirava porque queria, cheirava porque comprou.
Anteontem,
numa creche, faltava merenda para oferecer às crianças. O esperto
justificava e contestava o dinheiro que não repassou.
O que é pior?
O esperto que passa por otário, ou o otário que se passa por esperto?
O
otário que passa por esperto é o traficante. Profissão inserida em um
mercado que não pára de crescer; ideal para aquele profissional ousado
que gosta de correr riscos.
O
esperto que passa por otário é o político corrupto. Profissão de
prestígio no cenário nacional; ideal para aquele que busca fama, status e
destaque.
Ironias à
parte, corrupto e traficante dá no mesmo; o otário-esperto que
corrompe, é corrompido e destrói. Porém, com uma diferença que não é
observada por todos. O traficante não tira o dinheiro de ninguém à
força, muito pelo contrário, se relaciona com quem busca essa relação e
ainda dá algo em troca; o produto por ele oferecido, cuja procedência e
malefícios o comprador sabe de trás para frente.
O
político corrupto por sua vez, consegue ser ainda mais prejudicial à
sociedade. Ele atua à surdina, na escuridão, escondido de nossos olhos.
Furta sem ninguém ver, se aproveita de sua condição privilegiada para
espalhar o mal e ameaçar o bem. Tira de quem não tem!
Se
o tráfico de drogas no que se refere às drogas fosse pior que a
corrupção, o consumo da mesma não seria liberado em alguns países, não
sabendo eu de país que tenha liberado a corrupção.
A
linha divisória entre o otário e o esperto é curta, talvez alguns
muitos anos de prisão, um foro privilegiado, uma capa de revista, um
direito de ficar calado, um advogado caro, uma surra da polícia, um
cafezinho na sede da Polícia Federal....etc....
O
importante senhores, somos nós em meio a tantos espertos e otários não
ficarmos marginalizados, pois é dessa maneira que estão nos colocando: à
margem!
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