teste

Olá estou formulando uma enquete para saber quais tipos de assuntos e dicas para assim melhorar nossa comunicação , pesso por gentileza que mandem um email para .......andreexploid09@gmail.com.......

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mente Propria...


A internet está deixando você burro?

Novos estudos mostram que e-mail, Twitter, Facebook, YouTube, MSN e todas as distrações do mundo digital estão nos transformando em pessoas mais rasas e colocando em risco a nossa capacidade de aprender

Felipe Pontes e Tiago Mali


Victor Affaro
Crédito: Victor Affaro

Imagine uma festa badalada, repleta de gente bacana. São centenas de pessoas aparentemente descoladas, viajadas, inteligentes, abertas a novas amizades e cheias de histórias. Você seleciona uma delas e começa um diálogo. O vaivém de outras figuras igualmente interessantes é intenso. Apesar de o assunto estar divertido e envolvente, você então olha para o lado, perde o foco do indivíduo com quem dialogava, e dá início a um novo bate-papo. Não mais de 30 segundos depois, uma terceira pessoa desperta a sua atenção. Você repete a mesma ação, deixando o seu segundo interlocutor sozinho, e tenta se concentrar no novo assunto. E assim sucede-se a noite inteira. Lá pelas tantas, quando você resolve ir embora para casa, se dá conta de que não lembra o nome de nenhuma das pessoas com quem conversou. Pior ainda: sequer recorda o que falou com cada uma delas. A conclusão a que chega é que a noite foi perdida, como se não tivesse existido. E, apesar de ter conversado com muita gente, não conheceu ninguém de verdade e não lembra de nenhum assunto. A internet é mais ou menos assim. Repleta de coisas legais, informações relevantes, mas que você não consegue aproveitar como deveria pela tentadora avalanche de dados que lhe é ofertada. São janelas e mais janelas do navegador abertas, vídeos do YouTube rolando, Twitter abastecido a todo momento, MSN piscando sem parar, Facebook sendo atualizado... O que você estava fazendo mesmo?

Para se ter uma ideia da imensa quantidade de informações que atualmente temos à disposição, uma pesquisa realizada pela Global Information Center da Universidade de San Diego, nos EUA, aponta que em 2008 cada americano consumiu cerca de 34 GB de informação por dia, o que equivale a assistir a 68 longa-metragens com definição de uma televisão comum ou ler 34 mil livros de cerca de 200 páginas num período de apenas 24 horas. A pesquisa engloba desde os métodos de informação, digamos, tradicionais, como programas de TV, jornais e revistas impressos, até blogs, mensagens de celulares e jogos de videogame. De acordo com essa mesma pesquisa, o tempo que utilizamos nos informando passou de 7,4 horas, em 1960, para 11,8 horas, em 2008. É muita coisa.

Afinal, o que a web está fazendo conosco? Essa é a reflexão que o americano Nicholas Carr, um dos mais polêmicos pensadores da era digital, propõe em seu último livro, The Shallows: What Internet is Doing to Our Brains (Os rasos: o que a internet está fazendo com o nosso cérebro, ainda sem edição em português), lançado nos Estados Unidos no mês passado. “Estudos mostram que, quando estamos conectados, entramos em um ambiente que promove a leitura apressada, pensamento corrido, distraído e aprendizado superficial”, diz (leia entrevista completa nesta reportagem). Carr também é autor do best-seller A Grande Mudança, sobre as transformações sociais na era digital, e colaborador assíduo do jornal New York Times e da revista Wired, entre outras publicações. “Em resumo, ler na internet está nos deixando mais rasos e com menor capacidade de pensamento crítico”, afirma.


Victor Affaro
Crédito: Victor Affaro
LISBETH ASSIS, 24 ANOS, JORNALISTA
>> Passa mais de 12 horas conectada por dia e diz que até pouco tempo já pensava no que ia twittar enquanto estava num ônibus, voltando do trabalho
>> Acompanha mais de 10 abas ao mesmo tempo no navegador. Quando ele trava, não consegue se lembrar do que estava vendo

Foi estimulado por uma questão semelhante à de Carr que o psiquiatra Gary Small, da Universidade da Califórnia, fez, em 2008, o primeiro experimento que mostrou cérebros mudando em resposta a estímulos da internet. O pesquisador monitorou um grupo de internautas por ressonância magnética enquanto realizava buscas no Google. Descobriu que os mais experientes apresentavam uma atividade cerebral muito maior. Após o grupo de novatos ter sido colocado por uma semana para treinar as buscas na web, também passou a apresentar atividade semelhante à verificada nos experientes, o que sugere a formação de conexões neuronais. Isso não é necessariamente bom, apontou Small. A atividade aumentada se concentrou na área do cérebro associada à tomada de decisões, o que pode estar sobrecarregando nossas mentes. Faz sentido: quando lemos um texto na web, temos de decidir se clicamos ou não clicamos toda vez que aparece um link pela frente. Não se trata de uma ação bem-vinda quando se busca a compreensão de uma informação. A pesquisadora Erping Zhu, da Universidade de Michigan, notou isso quando colocou pessoas para ler o mesmo texto no computador, com e sem hiperlinks. Quanto mais hiperlinks, mais baixas foram as notas dos leitores no teste de compreensão aplicado ao fim da experiência. O estudo não foi o único. Uma revisão de 38 pesquisas sobre os efeitos dos hiperlinks, publicada em 2005 pela universidade canadense de Carleton, concluiu que a demanda crescente de tomar decisões com o hipertexto prejudicou a performance de leitura. Mais do que as interrupções por alertas de outros programas, a própria forma como o texto é apresentado na web representa um risco à compreensão.

ENTREVISTA - NICHOLAS CARR "ESTAMOS MAIS RÁPIDOS E SUPERFICIAIS"
Um dos mais polêmicos pensadores da era digital, o americano Nicholas Carr acaba de lançar o livro The Shallows: What Internet is Doing to Our Brains, em que questiona os danos que a internet está causando em nossos cérebros. Na entrevista abaixo, conta que dá até para ler online de maneira aprofundada, mas que isso não é a regra
* Que mudanças a internet está causando em nossa mente?
Carr:
Ela nos encoraja a avaliar vários pequenos pedaços de informação de uma maneira muito rápida, enquanto tentamos driblar uma série de interrupções e distrações. Esse modo de pensamento é importante e valioso. Mas, quando usamos a internet de maneira mais intensiva, começamos a sacrificar outros modos de pensamento, particularmente aqueles que requerem contemplação, reflexão e introspecção. E isso tem consequências. Os modos contemplativos sustentam a criatividade, empatia, profundidade emocional, e o desenvolvimento de uma personalidade única. Nós podemos ser bem eficientes e bem produtivos sem esses modos de pensamento, mas como seres humanos nos tornamos mais rasos e menos interessantes e distintos intelectualmente.

* As evidências são preocupantes?
Carr:
Mais do que eu esperava. Nossos cérebros são altamente maleáveis. Isso permite que nos adaptemos a novas circunstâncias e experiências, mas isso também pode ser algo ruim. Podemos treinar nosso cérebro para pensar de maneira rasa ou profundamente com a mesma facilidade. Estudos mostram que, quando ficamos online, entramos em um ambiente que promove a leitura apressada, pensamento distraído e aprendizado superficial. É possível pensar profundamente enquanto surfamos na web, mas não é o que a tecnologia encoraja e premia.

* Quais são as diferenças em relação à leitura de um livro tradicional, feito com papel e tinta?
Carr:
O livro impresso e a internet são o que chamo de “ferramentas da mente”, mas seria difícil de imaginar duas ferramentas mais diferentes. Como tecnologia, um livro foca nossa atenção, nos isola das várias distrações que enchem nossas vidas diárias. Um computador conectado faz o oposto. É desenhado para dispersar nossa atenção. Ele não protege a gente das distrações do ambiente; se une a elas. Ao passo em que nos movemos do mundo da página para o mundo da tela, nós estamos treinando nosso cérebro para ser rápido, mas superficial.

* Você diz que a internet é melhor compreendida como parte de uma tendência...
Carr:
As tecnologias que usamos para reunir, armazenar e dividir informação mudaram nossa formação intelectual. Mapas, relógios, livros e TV nos mudaram. E agora a internet está nos mudando. Ela abriu um novo capítulo em nossa história intelectual, mas a história está acontecendo há muito tempo.


Victor Affaro
Crédito: Victor Affaro
IGOR FEDICZKO, 24 ANOS, GUITARRISTA DA FABULOSA BANDA DO CURINGA
>> Acha muito mais fácil pegar o iPod Touch e escrever 140 caracteres do que ler quatro páginas de um livro
>> Durante os ensaios com a banda, deixa de tocar guitarra para checar seus e-mails no smartphone
>> Leu quatro livros do falecido José Saramago, um duas vezes, mas não se lembra direito de nenhum trecho

“Assim que entro na web, começo a abrir uma janela atrás da outra. Todos os assuntos parecem me interessar, mas sinto que meu cérebro não consegue guardar tanta coisa”, diz a jornalista Lisbeth Assis, de 24 anos. “E quando o programa fecha, e eu não consegui salvar todas aquelas informações, me bate o desespero de estar perdendo algo muito importante.” A aflição de Lisbeth, que relata a confusão mental de quando está online, é consequência de a internet ser um “ecossistema de interrupção”, como descreve Cory Doctorow, co-editor do blog de cultura geek Boing Boing. Um estudo da Universidade de Glasgow, na Escócia, divulgado em 2007, mostrou que pessoas que trabalham em escritório checam seus e-mails, em média, de 30 a 40 vezes por hora (embora metade delas tenha respondido que olha apenas “mais de uma vez por hora”).

Esse habitat de mensagens instantâneas, RSS e alertas de todo o tipo nos mantém mais informados e conectados uns aos outros, mas cobra um preço. Quando paramos o que estamos fazendo para ver uma mensagem, passamos a ter mais dificuldade em memorizar — ação essencial no aprendizado. Aprender implica mudar fisicamente o nosso cérebro. A grosso modo, no momento em que tomamos contato com uma informação, produzimos uma reação cerebral que alguns cientistas classificam como “memória curta”. Sinapses (ligações entre neurônios) que já existiam são ativadas, mas isso não fica gravado automaticamente. Quando “salvamos” os dados em nossa caixola, além dessa ativação inicial, são produzidas proteínas e novas sinapses, responsáveis pela "memória longa".

Se retomamos a memória, ou seja, se lembramos, essas sinapses aumentam e se consolidam. Experimentos mostram que se, por outro lado, deixamos de retomar essa informação, as sinapses diminuem, mas ainda ficam em maior número do que eram antes. Isso indica que uma vez que você aprendeu verdadeiramente algo, o seu cérebro sofreu uma mudança física a longo prazo. A descrição desse processo de cognição rendeu ao cientista Eric Kandel o prêmio Nobel de Medicina de 2000. É ele quem avisa: é possível que o mecanismo de produção de proteínas e sinapses trave quando não conseguimos manter o foco. “Para lembrar de algo a longo prazo, você precisa prestar atenção e processar aquela informação profundamente. Nós não sabemos até que grau isso é comprometido quando usamos a internet”, diz Kandel, que também é professor da Universidade de Columbia, em Nova York, e um dos especialistas mais respeitados do mundo no assunto.

Para o guitarrista Igor Fediczko, de 24 anos, esse comprometimento já é real. Navegador voraz da web, ele diz checar e-mail “umas 200 vezes por dia” em seu iPod Touch, e ter dificuldade em manter o foco. O músico conta ter reparado que, nos últimos anos, sua memória tem sofrido perdas. “Quando o escritor José Saramago morreu, tive a ideia de escrever um post no meu blog. Mas percebi que, apesar de ter lido quatro livros dele, não lembrava nada, nenhuma passagem. Aí notei que tinha alguma coisa errada comigo.”

No caso de Igor, as interrupções constantes do seu gadget piscando com uma nova mensagem podem causar ansiedade e estresse, fatores que, de acordo com especialistas, também atrapalham o processo de cognição. Além disso, o nosso cérebro não está preparado — pelo menos ainda não — para conseguir reter conhecimento eficientemente em uma velocidade tão acelerada como a que os usuários vorazes da internet imprimem. “Se há muitas informações concorrendo para serem lidas ao mesmo tempo, ou se elas chegam muito rapidamente, fica muito mais difícil. Necessitamos de atenção para que possamos aprender”, afirma Paulo Henrique Bertolucci, professor de neurologia clínica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Victor Affaro
Crédito: Victor Affaro
GUSTAVO JREIGE, 21 ANOS, COORDENADOR DE CRIAÇÃO E CONTEÚDO DA POLVORA!, AGÊNCIA DE MÍDIA SOCIAL
>> Lida com cerca de 10 projetos simultaneamente. Ao mesmo tempo, costuma conversar sobre um por telefone e tocar outro via MSN
>> Diz ter pouco conhecimento enciclopédico, mas não se importa com isso porque pode fazer uma pesquisa no Google

Já se sabe que o nosso cérebro é extremamente plástico, capaz de se moldar de acordo com as transformações culturais que ocorrem ao redor. A cada adaptação, há uma reorganização interna: sinapses ligadas a certas atividades são reforçadas enquanto outras são enfraquecidas. “Quando os livros surgiram, a oratória desapareceu. Em cada ponto, quando você ganha algo, perde algo. A questão é: os ganhos superam as perdas? Meu palpite é que sim”, diz Kandel, que confia que a imensa quantidade de informação na rede representa um ganho gigantesco para a humanidade.

Esse não é o palpite de outro respeitado neurocientista e Ph.D. em fisiologia, Michael Merzenich, pioneiro nos Estados Unidos em estudos de como o cérebro se remodela por conta de estímulos externos. “Se eu tento resolver qualquer problema por basicamente olhar sua resposta, isso é algo muito diferente do que tentar resolvê-lo usando a inteligência e o raciocínio”, diz. É o que acontece, por exemplo, quando procuramos uma resposta no Google antes mesmo de refletirmos sobre a pergunta. “Certamente envolve uma manipulação de informação muito mais suave no uso de suas habilidades cognitivas”, afirma.

O uso “mais suave” do cérebro pode “destreiná-lo” em atividades relacionadas, fundamentalmente, à inteligência. É isso o que argumenta um artigo publicado no ano passado na revista Science pela psicóloga americana Patricia Greenfield, da Universidade da Califórnia, que analisa 52 estudos sobre o aumento do uso da internet, do videogame e da TV. Patricia, pesquisadora da área há 15 anos, conclui que as novas mídias trouxeram um desenvolvimento sofisticado de habilidades visuais-espaciais. Mas, ao mesmo tempo, reduziram a capacidade de lidarmos com vocabulário abstrato, reflexão, pensamento crítico e imaginação. Nas pesquisas, jogadores de videogame e internautas mostraram mais habilidade para lidar com várias tarefas ao mesmo tempo. Só que essas tarefas, alerta a autora, eram sempre executadas de maneira menos eficiente do que se fossem feitas separadamente. “Enquanto encorajar a multitarefa, a internet estará nos deixando menos inteligentes”, afirma. A forma de contra-atacar essa superficialidade seria passar mais tempo lendo livros e revistas, aconselha Patricia, que tem dois filhos e sugere aos pais administrar uma “dieta” balanceada dessas novas mídias para as suas crianças.

 “Ligo o computador, vou direto à internet e abro umas cinco janelas. Enquanto isso já vou colocando uma senha atrás da outra, abro mais abas, ligo o MSN, resolvo postar algo novo no meu blog. É sempre assim. Não consigo fazer uma coisa só, abrir uma única página e ficar lendo com calma”, afirma a professora de francês Eleonora Ribeiro, de 25 anos. Recém-formada em Letras, Eleonora cultiva, além da intensa atividade digital, um grande hábito de leitura em papel. Quando lê livros, no entanto, a professora diz que nada tira a sua atenção. “Aí eu não disperso.”
Ainda não, mas pode começar em breve. Estudos recentes mostram indícios de que pessoas excessivamente multitarefa na internet podem levar essa desatenção para atividades offline. Um desses estudos foi feito pelo pesquisador Eyal Ophir, da Universidade de Stanford, publicado em 2009 no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Nos experimentos foram separados grupos de voluntários entre “muito multitarefa” (que relataram fazer inúmeras atividades ao mesmo tempo) e “pouco multitarefa”. Ambos participaram de um teste em que eram mostradas rapidamente imagens com retângulos vermelhos e azuis. Logo depois, uma imagem semelhante aparecia na tela do computador e os voluntários tinham de responder se os retângulos vermelhos haviam se movido. Os “mais multitarefa” se saíram significativamente pior. Eles tiveram mais dificuldade em filtrar informações irrelevantes (os retângulos azuis) e ficaram mais suscetíveis a guardar estímulos sem importância na memória. Mais ou menos o que acontece todos os dias conosco ao nos conectarmos na rede, quando muitas vezes deixamos de lado atividades essenciais para nos distrairmos com a janelinha do MSN piscando. “Nós podemos estar nos tornando meros decodificadores de informação, sem capacidade para decidir o que é de fato importante”, diz Carr.

Essa também é uma preocupação do psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, que coordena o Centro de Estudos de Dependência de Internet, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Os jovens que usam muito a web têm uma rapidez muito maior, só que isso não quer dizer que eles tenham habilidades mais profundas. Conseguem fazer várias tarefas ao mesmo tempo, mas a gente entende que essas características acabam ficando mais rasas”, afirma Nabuco, que lida há mais de quatro anos com distúrbios de comportamento ligados à web.


ARTIGO “A WEB ESTÁ CRIANDO A GERAÇÃO MAIS INTELIGENTE DE TODAS”
Autor de Wikinomics diz que hoje em dia o que conta não é o que você sabe, mas o que pode aprender
Don Tapscott*
Você não precisa temer a internet. A mente da geração digital parece ser incrivelmente flexível, adaptável e ter um profundo conhecimento de mídia. A imersão em um ambiente digital e interativo fará as pessoas mais inteligentes do que a média dos sedentários que passam o tempo todo assistindo TV no sofá. Em vez de simplesmente receberem as informações, eles interagem. Em vez de apenas acreditarem que um anunciante na TV está falando a verdade, avaliam minuciosamente a mistura de fatos contraditórios ou ambíguos. A internet deu a oportunidade de tornar essa geração a mais inteligente da história.
O que conta não é mais o que você sabe: é o que você pode aprender. Hoje, o importante é processar as informações novas o mais rápido possível. Nós estamos na era da informação, onde, à medida que os empregos mudam, você não pode enviar seus empregados para outro treinamento. Nós precisamos aprender constantemente, pelo resto das nossas vidas.

Esse novo mundo permite que trabalhemos unidos como uma mente só, qualificada para resolver nossos problemas. Agora, os cientistas podem acelerar suas pesquisas ao abrir suas informações e métodos possibilitando que colegas experientes do mundo inteiro colaborem. Médicos podem ajudar comunidades de pacientes onde pessoas com problemas de saúde semelhantes dividem informações, fornecem auxílio mútuo e contribuem para a pesquisa.

Nós entramos numa era de contribuição. Milhões colaboraram com a Wikipedia, e milhares em iniciativas como o Linux e o Projeto Genoma Humano (PGH). Há agora uma oportunidade histórica. Afinal, o potencial para novos modelos de colaboração não termina com a produção de software, mídia e entretenimento. Por que nosso governo, nosso sistema educacional, de saúde, de pesquisas científicas e a produção de energia não têm um “código aberto”? São oportunidades reais e palpáveis, não fantasias.

Vivemos um tempo excitante, onde todos podem participar na produção de informação de maneira que antes era impossível. Para os governos e sociedade como um todo, as evidências mostram que nós podemos armazenar a explosão de conhecimento, colaboração e inovação de negócios para liderarmos vidas mais ricas e cheias, e estimularmos a prosperidade e o desenvolvimento.

* Don Tapscott é consultor de empresas como General Electric e autor dos livros Wikinomics e A Hora da Geração Digital, entre outros. Ele já conseguiu US$ 4 milhões para investir em pesquisas sobre a “geração net”

 Não há quem diga — nem mesmo Carr, blogueiro e grande frequentador da rede — que a internet em si é o problema. A grande preocupação é o que ela tornou possível: fazer muitas coisas simultaneamente e receber uma quantidade de estímulos nunca antes experimentada. “Não há de se demonizar a web. Se minha filha de sete anos tenta fazer o dever de casa ao mesmo tempo em que assiste à televisão, ela não vai conseguir”, diz o neurocientista Martin Cammarota, do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Se a informação for canalizada de forma adequada, defende Cammarota, não temos com o que nos preocupar.
A questão é como fazer essa canalização. A dificuldade em lidar com a multiplicidade de estímulos vem no momento histórico em que temos mais acesso à informação, seja pela televisão, pelo smartphone ou pelo laptop. “Se você usa gadgets o tempo inteiro, sua mente passa a ficar sobrecarregada. A questão é: como tirar o máximo de proveito desses aparelhos sem ser prejudicado por eles? Devemos desenvolver um método para nos desconectarmos de vez em quando”, diz o escritor e historiador americano William Powers, que acaba de lançar o livro Hamlet’s BlackBerry (O BlackBerry de Hamlet, ainda sem edição em português), em que discorre sobre como lidar de forma saudável com a tecnologia (veja quadro com dicas abaixo).


LIÇÃO 5 DICAS PARA VOCÊ DESINTOXICAR DA WEB
Aprenda agora como conciliar vida online e offline e ter uma existência digital mais balanceada
Daniel das Neves
1. E-mail e Twitter têm hora certa
Prefira acumular as mensagens e destinar um certo horário do dia para vê-las. Um estudo da Universidade de Glasgow mostrou que ficar se interrompendo para ver a caixa de entrada, além de causar estresse, faz a produtividade cair
Daniel das Neves
2. Arranque as distrações da tela
Links e imagens clicáveis em volta de uma notícia estão entre as coisas que mais distraem a leitura. Livre-se deles usando programas online como o Readability (http://lab.arc90.com/experiments/readability/) que, em um clique, deixa na tela só o que você precisa: o texto
Daniel das Neves
3. Vá dar uma volta no parque
Pesquisadores constataram que pessoas que dão uma caminhada em ambientes arborizados se saem melhores em testes cognitivos. Se não puder, um tempo olhando para uma foto de uma tranquila cena rural traz efeito semelhante

Daniel das Neves
4. Não deixe os livros de lado
Para que o cérebro não enfraqueça em aspectos como imaginação e capacidade de reflexão, a psicóloga Patrícia Greenfield recomenda que a internet não seja o único meio de se informar. Livros e rádio estimulam partes do cérebro que a web normalmente não consegue

Daniel das Neves
5. Desconecte-se de vez em quando
Na casa do escritor William Powers, não há internet nos finais de semana. Para escapar de efeitos nocivos da web, o especialista diz que é bom definir horas ou dias da semana em que o cérebro possa relaxar do efeito viciante da vida digital



Victor Affaro
Crédito: Victor Affaro
ELEONORA RIBEIRO, 25 ANOS, PROFESSORA DE FRANCÊS
>> Gosta muito de ler livros porque eles não têm abas e conseguem prender sua atenção
>> Usa a internet para tirar dúvidas gramaticais da língua francesa junto com dicionários

Embora o desempenho de muitas tarefas simultâneas possa colocar em risco métodos tradicionais de reflexão, outras maneiras de aproveitar a web estão trazendo novas formas de inteligência à sociedade. Clay Shirky, professor de comunicação interativa na Universidade de Nova York, mapeou algumas das mais importantes iniciativas na área em seu recém-lançado livro Cognitive Surplus (Excedente cognitivo, ainda sem edição no Brasil).

Em uma conta realizada com a ajuda do pesquisador da IBM Martin Wattenberg, Shirky estimou o esforço envolvido na produção dos cerca de 10 milhões de verbetes presentes na Wikipedia, até 2008, em 100 milhões de horas de pensamento humano. Embora pareça ser muito, só os americanos, no mesmo ano, ficaram 200 bilhões de horas assistindo TV (com esse tempo daria para criar 2 mil Wikipedias). “Em vez de as pessoas gastarem o seu tempo livre passivamente em frente à televisão, elas estão atuando de maneira colaborativa, contribuindo para que o conhecimento se espalhe”, diz Shirky em seu livro.

O problema da linha de pensamento de Shirky é que, embora o tempo gasto na internet aumente ano a ano, o tempo em frente à TV também cresce. Isso significa que as pessoas estão, cada vez mais, fazendo as duas coisas ao mesmo tempo — o que contribui para aumentar a multitarefa.

Fazer muitas coisas ao mesmo tempo nem sempre é ruim, e está longe de ser novidade para o ser humano. Para sobreviver, o homem primitivo precisava mudar de foco o tempo todo, o que reduzia a chance de ser pego de surpresa por um predador ou de que uma oportunidade de caça passasse despercebida. Conforme foram sendo criadas, as tecnologias liberaram o homem dessa multitarefa, o que resultou em mais tempo livre para se desenvolver em atividades que poderiam consumir mais da sua atenção. “Só que, com a aceleração tecnológica, a possibilidade de fazer mais coisas em um tempo menor virou necessidade novamente. Você passa a não existir socialmente sem a rapidez e a multiplicidade de informações e contatos. Estar conectado a várias pessoas ao mesmo tempo pode significar um emprego, por exemplo. Se antes ser multitarefa significava sobrevivência física, agora pode significar a sobrevivência social”, afirma Jonatas Dornelles, doutor em Antropologia Cultural pela UFRGS, que estuda cibercultura há 11 anos.

 A sobrevivência multitarefa em um contexto diferenciado pode estar criando um outro tipo de inteligência, argumenta Dornelles. Exemplo desse novo tempo é Gustavo Jreige, gerente de criação da empresa de comunicação Polvora!, em São Paulo. Aos 13 anos, ele ficava 15 horas por dia no computador. Hoje, aos 21, passa o tempo todo conectado e acredita que não conseguiria viver sem ser multitarefa. Assim como o músico Igor, ele também sente revezes na memória, mas não se incomoda com isso: “Para que eu preciso lembrar de certas coisas se posso fazer uma pesquisa e encontrar muito mais do que eu supostamente já deveria saber?”. Gustavo sintetiza a forma de pensar da geração que está conectada desde a infância. “Já não é o que você sabe que conta, é o que você pode aprender. No mundo de hoje, o mais importante é ter habilidade para processar a informação na velocidade da luz”, diz o executivo Don Tapscott, autor do livro Wikinomics (leia artigo do autor nesta reportagem). O canadense liderou uma pesquisa de US$ 4 milhões que analisou, em 2008, os hábitos de 11 mil pessoas entre 11 e 30 anos, grupo que ele convencionou chamar de “geração net”.

Tapscott afirma que a web está fazendo com que essa geração seja a mais inteligente de todas, baseado em testes que mostram aumento de quociente de inteligência (QI). No entanto, a média de QI das pessoas cresce em ritmo estável desde antes da Segunda Guerra. Ou seja, não é o efeito da propagação da internet que está causando isso. Essa nova inteligência se mostra de outras formas, como prova Gustavo. Em 2006, então com 17 anos, ele reuniu jovens do Brasil pela internet para entrevistar candidatos à eleição presidencial. Aos 18, escrevia reportagens de tecnologia no jornal O Estado de S. Paulo. “No dia a dia eu lido com mais de dez clientes e projetos diferentes. Não preciso estar 100% focado em alguma coisa para conseguir dar conta dela.”

O prêmio Nobel de Medicina Eric Kandel diz que há, sim, risco de que uma mudança de comportamento em direção à multitarefa possa trazer consequências ruins aos nossos cérebros. Entretanto, ele vê mais motivos para sermos otimistas frente à revolução digital. “É incrível que crianças pobres que não têm acesso a bibliotecas e a livros estejam mais perto disso tudo com a internet. Eu posso conseguir referências imediatas a qualquer artigo de jornal nos últimos 20 anos e a livros em poucos segundos”, diz.

E quanto a não guardar mais tantas informações e deixar o Google se transformar em nossa memória, não se trata de algo perigoso? Kandel filosofa: “Quem disse que a memória é tão maravilhosa se você não tem nenhum uso para ela? Não é a memória em si que é tão bonita. É a recitação dela, a sensualidade, o prazer em revisitá-la”.

Água é ouro ....

O problema da escasez de água no mundo

 

A escassez de água no mundo é agravada em virtude da desigualdade social e da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. De acordo com os números apresentados pela ONU - Organização das Nações Unidas - fica claro que controlar o uso da água significa deter poder.

As diferenças registradas entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais.

Em regiões onde a situação de falta d'água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países do Continente Africano, onde a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia, ou de dez a quinze litros/pessoa. Já em Nova York, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia.

Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vai para a indústria e apenas 6% destina-se ao consumo doméstico.

Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm acesso a água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante desses dados, temos a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água.

Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior.

A cada ano, mais 80 milhões de pessoas clamam por seu direito aos recursos hídricos da Terra. Infelizmente, quase todos os 3 bilhões (ou mais) de habitantes que devem ser adicionados à população mundial no próximo meio século nascerão em países que já sofrem de escassez de água.

Já nos dias de hoje, muitas pessoas nesses países carecem do líquido para beber, satisfazer suas necessidades higiênicas e produzir alimentos.

Numa economia mundial cada vez mais integrada, a escassez de água cruza fronteiras, podendo ser citado com exemplo o comércio internacional de grãos, onde são necessárias 1.000 toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos, sendo a importação de grãos a maneira mais eficiente para os países com déficit hídrico importarem água.

Calcula-se a exaustão anual dos aqüíferos em 160 bilhões de metros cúbicos ou 160 bilhões de toneladas.

Tomando-se uma base empírica de mil toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos, esses 160 bilhões de toneladas de déficit hídrico equivalem a 160 milhões de toneladas de grãos, ou metade da colheita dos Estados Unidos.

Os lençóis freáticos estão hoje caindo nas principais regiões produtoras de alimentos:
• a planície norte da China;
• o Punjab na Índia e
• o sul das Great Plains dos Estados Unidos, que faz do país o maior exportador mundial de grãos.

A extração excessiva é um fenômeno novo, em geral restrito a última metade do século.

Só após o desenvolvimento de bombas poderosas a diesel ou elétricas, tivemos a capacidade de extrair água dos aqüíferos com uma rapidez maior do que sua recarga pela chuva.

Além do crescimento populacional, a urbanização e a industrialização também ampliam a demanda pelo produto. Conforme a população rural, tradicionalmente dependente do poço da aldeia, muda-se para prédios residenciais urbanos com água encanada, o consumo de água residencial pode facilmente triplicar.

A industrialização consome ainda mais água que a urbanização. A afluência (concentração populacional), também, gera demanda adicional, à medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, consomem mais grãos.

Se os governos dos países carentes de água não adotarem medidas urgentes para estabilizar a população e elevar a produtividade hídrica, a escassez de água em pouco tempo se transformará em falta de alimentos.

Estes governos não podem mais separar a política populacional do abastecimento de água.

Da mesma forma que o mundo voltou-se à elevação da produtividade da terra há meio século, quando as fronteiras agrícolas desapareceram, agora também deve voltar-se à elevação da produtividade hídrica.

O primeiro passo em direção a esse objetivo é eliminar os subsídios da água que incentivam a ineficiência.

O segundo passo é aumentar o preço da água, para refletir seu custo. A mudança para tecnologias, lavouras e formas de proteína animal mais eficientes em termos de economia de água proporciona um imenso potencial para a elevação da produtividade hídrica. Estas mudanças serão mais rápidas se o preço da água for mais representativo que seu valor.
   











Estas são fotos das cataratas do Iguaçu nos dias atuais e antes.

Com esta conscientização cada vez mais crescente, cada nação vem se preparando ao longo do tempo para a valorização e valoração de seus recursos naturais.

Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País.
O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água.
Mesmo na área de incidência do Semi-Árido (10% do território brasileiro; quase metade dos estados do Nordeste), não existe uma região homogênea. Há diversos pontos onde a água é permanente, indicando que existem opções para solucionar problemas socioambientais atribuídos à seca.
Qualidade comprometida
A água limpa está cada vez mais rara na Zona Costeira e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada: com desperdício - que chega entre 50% e 70% nas cidades -, e sem muitos cuidados com a qualidade. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de recurso natural renovável (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água.
Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição: as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado. O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado.
Alternativas
A água disponível no território brasileiro é suficiente para as necessidades do País, apesar da degradação. Seria necessário, então, mais consciência por parte da população no uso da água e, por parte do governo, um maior cuidado com a questão do saneamento e abastecimento. Por exemplo, 90% das atividades modernas poderiam ser realizadas com água de reuso. Além de diminuir a pressão sobre a demanda, o custo dessa água é pelo menos 50% menor do que o preço da água fornecida pelas companhias de saneamento, porque não precisa passar por tratamento. Apesar de não ser própria para consumo humano, poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de condomínios. Além disso, as novas construções – casas, prédios, complexos industriais – poderiam incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano.
Após a Rio-92, especialistas observaram que as diretrizes e propostas para a preservação da água não avançaram muito e redigiram a Carta das águas doces no Brasil. Entre os tópicos abordados, ressaltam a importância de reverter o quadro de poluição, planejar o uso de forma sustentável com base na Agenda 21 e investir na capacitação técnica em recursos hídricos, saneamento e meio ambiente, além de viabilizar tecnologias apropriadas para as particularidades de cada região.
A água no mundo
A quantidade de água doce no mundo estocada em rios e lagos, pronta para o consumo, é suficiente para atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do Planeta precisa. Apesar de parecer abundante, esse recurso é escasso: representa apenas 0,3% do total de água no Planeta. O restante dos 2,5% de água doce está nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas calotas polares, geleiras, neve permanente e outros reservatórios, como pântanos, por exemplo.
Se em termos globais a água doce é suficiente para todos, sua distribução é irregular no território. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países desenvolvidos.
O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública.